Crise na equipe econômica de Javier Milei: saídas abruptas e desavenças internas
A poucos dias da cerimônia de posse como novo presidente da Argentina, o anarcocapitalista Javier Milei enfrenta uma crise em sua equipe econômica, marcada por saídas abruptas e desavenças internas. Recentemente, Emilio Ocampo, designado para liderar o Banco Central, e Carlos Rodríguez, indicado para chefiar o conselho econômico do futuro governo, abandonaram seus cargos no […]

A poucos dias da cerimônia de posse como novo presidente da Argentina, o anarcocapitalista Javier Milei enfrenta uma crise em sua equipe econômica, marcada por saídas abruptas e desavenças internas. Recentemente, Emilio Ocampo, designado para liderar o Banco Central, e Carlos Rodríguez, indicado para chefiar o conselho econômico do futuro governo, abandonaram seus cargos no final desta semana.
Além disso, Luis Caputo, apontado como principal candidato para assumir o Ministério da Economia, estaria cogitando sua saída, conforme relatado pelo jornal argentino La Nación. Caputo, com experiência notável ao servir como ministro da Economia e presidente do Banco Central durante o governo de Maurício Macri (2015-2019), assessorava Milei por aproximadamente um ano por meio de sua consultoria, a Anker Latinoamérica.
De acordo com o La Nación, o ambiente no gabinete de transição de Milei deteriorou-se rapidamente após sua vitória no segundo turno da eleição presidencial contra o peronista Sergio Massa no último domingo (19). O jornal argentino descreve conflitos intensos entre os assessores mais próximos, resultando em “múltiplos traumatismos” e caos no ambiente de trabalho.
A primeira baixa ocorreu quando Emilio Ocampo renunciou à presidência do Banco Central da Argentina (BCRA) no governo futuro. Ocampo, defensor da dolarização da economia e extinção do BCRA, entrou em conflito com Luis Caputo, cujo desentendimento girou em torno do valor das Letras de Liquidez (Leliqs), títulos públicos emitidos pelo Banco Central e utilizados como lastro pelos bancos privados para investimentos financeiros de pequenos investidores pessoa física.
Diante de uma inflação acumulada de quase 130% no ano, a remuneração das Leliqs, variando entre 200% e 250% ao ano, é vital para a classe média e os mais ricos. Ocampo sugere a liquidação do Banco Central, anulando seus ativos com seus passivos (base monetária e títulos de dívida), propondo que o valor das Leliqs seja fixado em US$ 40 bilhões para equilibrar as contas.