No segundo trimestre de 2023, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil registrou um crescimento de 0,9% em comparação com o trimestre anterior, superando as expectativas, embora tenha desacelerado em relação ao aumento de 1,8% no primeiro trimestre de 2023. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na sexta-feira (1). Quando comparado com o mesmo período de 2022, o crescimento foi de 3,4%.

As estimativas do consenso Refinitiv apontavam para um crescimento de 0,3% em relação ao primeiro trimestre de 2023 e de 2,7% em relação ao segundo trimestre de 2022, com previsões de que o consumo das famílias fosse o destaque. O PIB, que representa a soma dos bens e serviços finais produzidos no Brasil, atingiu um total de R$ 2,651 trilhões em valores correntes no trimestre encerrado em junho.

Com esse desempenho, o primeiro semestre do ano registrou um crescimento de 3,7%. Nesse cenário, a atividade econômica do país está 7,4% acima do nível pré-pandemia, que corresponde ao quarto trimestre de 2019, atingindo o ponto mais alto da série histórica. O segundo trimestre de 2023 apresentou o segundo maior patamar em relação ao trimestre anterior.

Indústria e serviço puxam o crescimento do PIB

De acordo com o IBGE, no segundo trimestre, a elevação na economia é atribuída ao desempenho positivo dos setores industrial (0,9%) e de serviços (0,6%). Visto que os serviços representam aproximadamente 70% da atividade econômica do país, o desempenho desse setor tem um impacto significativo na expansão do PIB.

A coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, explicou que o crescimento no setor de serviços foi impulsionado, em particular, pelos serviços financeiros, com destaque para os seguros de vida, automóveis, patrimônio e risco financeiro. Além disso, os serviços voltados para empresas, como os jurídicos e de contabilidade, também tiveram um desempenho positivo. É importante notar que o setor de serviços não registra variações negativas há 12 trimestres e alcançou seu nível mais alto até o momento.

No que diz respeito às atividades industriais, elas permaneceram no território positivo pelo segundo trimestre consecutivo, após uma queda de -0,2% nos últimos três meses do ano anterior. O crescimento no segundo trimestre está relacionado aos resultados positivos das indústrias extrativas (1,8%), construção (0,7%), eletricidade, gás, água, esgoto e gestão de resíduos (0,4%), bem como indústrias de transformação (0,3%).

No setor extrativo, a extração de petróleo e gás, assim como a de minério de ferro, produtos relacionados à exportação, se destacaram. Este trimestre positivo marca a quinta expansão consecutiva do setor extrativo. Embora a indústria como um todo esteja acima dos níveis pré-pandêmicos, ainda não conseguiu superar seu pico histórico, que ocorreu no terceiro trimestre de 2013.

No entanto, o setor agropecuário foi o único dos três principais setores da economia a registrar uma contração no trimestre (-0,9%). Isso se deve principalmente ao fato de que no primeiro trimestre houve um crescimento excepcional de 21,0%, o que tornou a comparação com o segundo trimestre menos favorável. Isso ocorreu principalmente porque 60% da produção de soja está concentrada no primeiro trimestre, e no segundo trimestre, outros produtos, como o café, que têm um crescimento menor em comparação com a soja, ganham uma participação maior.

O consumo das famílias aumentou 0,9% no segundo trimestre, marcando a maior alta desde o mesmo período do ano anterior (1,6%).