Nos últimos três meses, ao menos US$ 1 bilhão em chips de inteligência artificial (IA) da Nvidia (NVDC34) foram contrabandeados para a China, burlando as regras rígidas de exportação impostas pelo governo dos Estados Unidos. Essa prática coloca em xeque os esforços americanos para conter o avanço tecnológico do país asiático e evidencia falhas no controle alfandegário.

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Venda ilegal de chips de IA da Nvidia contrabandeados para a China: o que está acontecendo?

Desde que o governo Trump endureceu as restrições à exportação de processadores avançados para a China, principalmente modelos voltados para inteligência artificial, as vendas ilegais desses chips aumentaram significativamente. Segundo investigação do Financial Times, dezenas de contratos e documentos de empresas chinesas confirmam que o chip B200 da Nvidia está sendo comercializado em solo chinês, apesar das tarifas alfandegárias que deveriam ser aplicadas.

Essa situação acontece principalmente nas províncias de Guangdong, Zhejiang e Anhui, onde distribuidores locais começaram a revender esses processadores para fornecedores de centros de dados ligados a grupos chineses de IA. Além do B200, chips mais avançados, como os H100 e H200, também fazem parte das vendas ilegais, segundo fontes do setor.

Como funciona o contrabando e quem está envolvido?

A venda desses chips não é oficialmente proibida, desde que o pagamento das tarifas alfandegárias ocorra. No entanto, o que o relatório do Financial Times aponta é a ausência dessas tarifas, configurando um contrabando que dificulta o controle americano.

Uma das principais empresas identificadas nesse esquema é a “Portão da Era”, fundada em fevereiro de 2025 e localizada na província de Anhui. Essa empresa é responsável pela venda de grandes quantidades de racks prontos contendo oito unidades do chip B200, além de componentes adicionais e softwares para conectar diretamente esses equipamentos a centros de dados.

Esses racks têm dimensões próximas a uma mala grande e peso em torno de 150 kg, o que facilita o transporte e distribuição. Documentos indicam que muitos desses kits são originalmente montados com produtos da Supermicro, uma fabricante americana de soluções para data centers. A Supermicro, contudo, nega qualquer envolvimento ou conhecimento do contrabando, afirmando que cumpre rigorosamente as normas de exportação dos EUA.

Impactos para os Estados Unidos e para a Nvidia

A Nvidia, fabricante dos chips, reafirma que não há evidências de que seus produtos estejam sendo desviados para a China ilegalmente. A empresa destaca que centros de dados que utilizam equipamentos contrabandeados enfrentam grandes dificuldades técnicas e econômicas, pois precisam de suporte e serviços que só a Nvidia pode oferecer oficialmente a seus clientes autorizados.

Esse cenário coloca em dúvida a eficácia das barreiras comerciais americanas para frear o desenvolvimento tecnológico da China na área de IA. Ao mesmo tempo, revela vulnerabilidades no sistema de controle das exportações e tarifas alfandegárias, que precisam ser endereçadas para preservar a competitividade e segurança tecnológica dos EUA.

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