A BrasilAgro (AGRO3), empresa especializada em transações de propriedades rurais e produção de grãos, fibras e bioenergia, anunciou um impressionante desempenho no quarto trimestre da safra 2022/23, encerrado em junho. O lucro líquido da empresa atingiu a marca de R$ 242,7 milhões, um salto de quase oito vezes em relação ao mesmo período no ciclo 2021/22, quando alcançou R$ 31,1 milhões.

Nessa mesma comparação, o Ebitda ajustado da empresa, que mede o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, disparou de R$ 66,9 milhões para R$ 365,2 milhões. A receita líquida total também registrou um aumento significativo de 92%, atingindo R$ 673,5 milhões.

Esses resultados extraordinários foram impulsionados principalmente pela venda de áreas de duas fazendas, que totalizaram R$ 415 milhões. No ano anterior, no mesmo trimestre, não ocorreram negociações desse tipo, resultando em ausência de receita líquida imobiliária.

No entanto, na frente operacional, a receita líquida caiu 27% entre os quartos trimestres, atingindo R$ 257,7 milhões. Esse declínio foi atribuído à queda dos preços da soja e do milho, apesar do aumento dos volumes de produtos agrícolas movimentados. O Ebitda ajustado operacional também sofreu uma queda de 45%, chegando a R$ 36,7 milhões, e um prejuízo líquido operacional de R$ 85,9 milhões.

Com esses resultados do quarto trimestre, a BrasilAgro fechou o exercício 2022/23 com um lucro líquido de R$ 268,5 milhões, uma queda de 48% em comparação com a safra anterior.

O Ebitda ajustado total apresentou uma redução de 23%, chegando a R$ 533,7 milhões, e a receita líquida consolidada diminuiu em 9%, totalizando R$ 1,349 bilhão. A safra de 2022/23 foi marcada por custos recorde devido ao aumento dos preços dos insumos, agravado pela alta dos fertilizantes após a crise na Ucrânia. Além disso, a redução dos preços da soja e do milho no primeiro semestre do ano afetou a receita das vendas.

A receita líquida imobiliária, por outro lado, teve um aumento de 41% durante todo o ciclo 2022/23, atingindo R$ 445,4 milhões, enquanto a receita líquida operacional foi 23% menor, totalizando R$ 903,4 milhões. O Ebitda ajustado operacional teve uma queda de 57%, chegando a R$ 187,7 milhões, e houve um prejuízo líquido operacional de R$ 77,5 milhões, em contraste com o lucro líquido de R$ 268,6 milhões registrado no ciclo 2021/22.

A BrasilAgro opera no Brasil, Paraguai e Bolívia e, em 30 de junho, o valor total de suas propriedades foi avaliado em R$ 3,6 bilhões, com quase 275 mil hectares de terras próprias e arrendadas ao término da última safra.

Em vista desses resultados na safra 2022/23, o CEO da BrasilAgro, André Guillaumon, anunciou a aprovação, pelo conselho da empresa, da distribuição de R$ 320 milhões em dividendos. A decisão ainda está sujeita à aprovação dos acionistas em uma assembleia agendada para 24 de outubro, mas a expectativa é que o pagamento seja efetuado na primeira quinzena de novembro. Esse montante se soma aos cerca de R$ 1 bilhão já distribuídos nos últimos cinco anos, como ressaltou Gustavo Javier Lopez, diretor financeiro e de relações com investidores da empresa.