Brasil agora tem primeiro FIDC que investe apenas em ativos digitais
Pouco tempo depois de escaparem do alvo dos legisladores nas mudanças propostas na reforma tributária que foi aprovada recentemente, os fundos de investimento em direitos creditórios (FIDCs) ganharam uma nova versão no Brasil: os FIDCs que investem exclusivamente em ativos digitais. Tradicionalmente, os FIDCs investem pelo menos 50% de seu patrimônio em títulos de crédito […]

Pouco tempo depois de escaparem do alvo dos legisladores nas mudanças propostas na reforma tributária que foi aprovada recentemente, os fundos de investimento em direitos creditórios (FIDCs) ganharam uma nova versão no Brasil: os FIDCs que investem exclusivamente em ativos digitais.
Tradicionalmente, os FIDCs investem pelo menos 50% de seu patrimônio em títulos de crédito originados de contas a receber de empresas, como duplicatas, recebíveis de cartões de crédito e aluguéis.
No entanto, a primeira operação deste tipo no país, estruturada pela gestora Prinz em parceria com a Oliveira Trust, que atua como administradora, investe em notas comerciais, certificados de recebíveis e outros valores mobiliários representados por tokens, que é a representação digital de um ativo financeiro real em uma rede blockchain.
Dessa forma, os ativos são selecionados e estruturados pela Liqi, que fornece a plataforma tecnológica. Ao serem tokenizados, os papéis são programados em contratos inteligentes (smart contracts), resultando em um ganho de eficiência operacional que melhora os resultados tanto para os investidores quanto para os emissores. Assim, o fundo pode obter um retorno melhor sem onerar o emissor.
O fundo inicia suas atividades com uma primeira operação tokenizada em sua carteira e tem a expectativa de captar R$ 50 milhões em até 12 meses.
O CEO da Prinz, Eduardo Guedes afirmou que “o mercado de crédito e FIDCs no Brasil evoluiu continuamente nos últimos anos, impulsionado por aspectos regulatórios e pela demanda por produtos mais qualificados e transparentes. O uso de novas tecnologias que tornam a cadeia de crédito mais eficiente é muito bem visto”, disse.
De acordo com dados da Anbima, a captação líquida dos FIDCs foi de R$ 24 bilhões em 2023 e está a caminho de um aumento significativo neste ano. Em 2024, até o momento, o segmento lidera entre os instrumentos de securitização, com R$ 27,2 bilhões em emissões, mais do que o dobro registrado no mesmo período do ano passado.
“A criação de um FIDC para investir exclusivamente em recebíveis tokenizados reforça que a tokenização surge como uma das principais tendências que podem transformar o mercado de securitização brasileiro”, declarou Thiago de Gusmão, head de estruturação da Oliveira Trust.
Vale enfatizar que a tokenização de ativos reais superou US$ 130 bilhões em capitalização globalmente, e a expectativa do JP Morgan e do CitiBank é que este mercado alcance trilhões de dólares até 2030.
Já no Brasil, Daniel Coquieri, CEO da Liqi, destaca que isso será um impulso para o mercado de crédito, que está conectado com a tokenização de ativos. Para ele, a “tokenização vem para melhorar a eficiência”, contou.