Artista italiano vende escultura invisível por R$ 87 mil
O caso remete à famosa banana colada na parede, de Maurizio Cattelan, e inspirou artistas brasileiros a questionarem o mercado e os limites da criação artística.

O artista italiano Salvatore Garau vendeu uma escultura invisível por R$ 87 mil, chamando atenção do público e reacendendo o debate sobre os limites e significados da arte contemporânea. A obra, intitulada “Io Sono” (em português, “Eu Sou”), foi leiloada na Itália e não possui forma física — ela é composta apenas de “ar e espírito”, segundo o próprio criador.
O espaço reservado para a peça mede cerca de 1,5 m x 1,5 m e deve permanecer completamente vazio. O comprador recebeu apenas um certificado de autenticidade, que serve como garantia da existência e propriedade da obra.
De acordo com Garau, a ausência de materialidade é justamente o que dá força à escultura. “O nada também é arte”, defende o artista. Para ele, o vazio é um campo fértil para a imaginação e convida o espectador a refletir sobre a própria percepção da realidade.
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O conceito da obra: quando o vazio se torna criação
Salvatore Garau explica que sua escultura invisível não deve ser interpretada como uma ausência de conteúdo, mas sim como uma manifestação do pensamento. O espaço vazio, na visão do artista, é o local onde a obra “ganha forma” por meio da consciência do observador.
O certificado emitido pelo italiano detalha o conceito:
“Escultura imaterial para ser colocada em um espaço livre de qualquer obstáculo. Dimensões variáveis, aproximadamente 200 x 200 cm. Obra acompanhada de certificado de autenticidade emitido pelo artista.”
A obra foi originalmente vendida em 2021 por cerca de 15 mil euros, mas voltou a viralizar recentemente nas redes sociais. O perfil britânico Pubity, com mais de 40 milhões de seguidores, compartilhou o projeto e gerou uma onda de comentários e reações, alcançando mais de 1 milhão de curtidas.
Essa repercussão digital reacendeu o interesse pelo trabalho de Garau e pelo debate sobre o que realmente pode ser considerado arte — um questionamento cada vez mais comum no cenário da arte contemporânea.
Fenômenos semelhantes: da escultura invisível à banana colada
O caso de Garau remete a outro episódio famoso no mundo das artes: a banana colada na parede com fita adesiva, criada pelo artista italiano Maurizio Cattelan. A obra, intitulada “Comediante”, foi vendida por cerca de R$ 35 milhões em um leilão da Sotheby’s.
Assim como a escultura invisível, a banana de Cattelan gerou polêmica e dividiu opiniões entre especialistas e o público. Alguns consideram o trabalho uma provocação inteligente ao mercado de arte, enquanto outros o veem como um exagero.
O comprador, Justin Sun, fundador da plataforma de criptomoedas Tron, afirmou em comunicado que adquiriu a obra por seu valor simbólico, destacando que ela “representa a fusão entre arte, cultura digital e fenômenos da internet”. Ele chegou a prometer comer a banana como parte da experiência artística — um gesto que reforça o caráter performático da obra.
Repercussão no Brasil
A popularidade das obras conceituais também inspira artistas brasileiros. O plástico René Machado, por exemplo, criou o trabalho “Vendo maçã a preço de banana”, uma paródia direta à obra de Cattelan.
Em seu trabalho, ele reproduziu a ideia da fruta colada na parede, mas acrescentou uma maçã e usou a música “Otário”, do grupo Exporta Samba, como trilha sonora em um vídeo publicado nas redes sociais.
A performance de Machado ironiza o mercado de arte e questiona o quanto a fama e o conceito pesam mais do que o próprio objeto artístico.
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