O Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) apresentou uma desaceleração em novembro, registrando uma alta de 1,30%, contra os 1,52% do mês anterior, mas ainda superando as estimativas do mercado. O resultado do indicador foi mais elevado do que o esperado, com previsão de um aumento de 1,18%, conforme pesquisa realizada pela Reuters. A alta nos últimos 12 meses acumulou 6,33%, destacando a tendência de pressão nos preços, especialmente nos segmentos de commodities agropecuárias e produtos no atacado.

Composição do IGP-M e impactos setoriais

O IGP-M é composto por três índices que pesam de maneira distinta no cálculo do indicador: o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que representa 60% do índice geral, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), com peso de 30%, e o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), com os 10% restantes. O desempenho do IPA, que reflete a variação dos preços no atacado, foi o principal responsável pela alta do índice.

Em novembro, o IPA teve um aumento de 1,74%, após ter registrado 1,94% no mês anterior. O destaque dentro deste índice foi o avanço das commodities agropecuárias, como a carne bovina, o milho e a soja, que impactaram significativamente o cálculo do IGP-M. Segundo Matheus Dias, economista do FGV IBRE, os preços dessas commodities continuaram a pressionar a alta do índice, com destaque para a aceleração na carne bovina, que subiu 13,57%, um aumento expressivo em relação ao mês anterior, quando a alta foi de 11,33%. A soja também teve alta de 4,80%, e o milho viu sua variação aumentar para 8,85%, ante 6,87% em outubro.

Desaceleração no IPC e INCC

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que representa 30% do IGP-M, teve um desempenho mais modesto em novembro, registrando uma variação positiva de apenas 0,07%, em comparação com 0,42% em outubro. A desaceleração no IPC reflete um recuo em várias categorias, como Habitação (-0,93%), Despesas Diversas (0,49%), e Saúde e Cuidados Pessoais (0,16%). Esses segmentos tiveram uma redução nos preços, com destaque negativo para o grupo de Habitação, que teve uma queda considerável.

Por outro lado, a alimentação e os transportes apresentaram variações significativas. O setor de Alimentação teve alta de 1,01%, em contraste com 0,13% no mês anterior, e os Transportes também viram um aumento no custo, que subiu para 0,14%, comparado a uma queda de -0,12% em outubro.

Além disso, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), que compõe 10% do IGP-M, apresentou uma alta de 0,44% em novembro, desacelerando em relação à variação de 0,67% observada no mês de outubro.

Composição e metodologia do IGP-M

A metodologia do IGP-M considera as variações de preços entre o dia 21 do mês anterior e o dia 20 do mês de referência. Esse índice tem grande relevância no mercado financeiro, sendo utilizado como referência para reajustes de contratos, como aluguéis e tarifas, impactando diretamente o consumidor e as negociações no mercado imobiliário.

A variação do IGP-M é uma importante medida para os economistas e investidores, pois reflete não só a pressão inflacionária nos bens e serviços consumidos pela população, mas também as flutuações no mercado de commodities e as tendências do setor de construção.