O IGP-M é um dos principais índices de referência da economia brasileira, e também um dos mais abrangentes. Seu cálculo envolve diversos fatores, o que o torna um importante indicador macroeconômico. Afinal, por meio dele, é possível ter uma boa percepção do mercado e da inflação.

Mas, afinal, do que se trata esse índice e porque ele é tão comentado? Por qual motivo as pessoas normalmente o associam a aluguel de imóveis? Neste post, vamos explicar o que exatamente é o IGP-M e como ocorre seu cálculo. 

Além disso, mostraremos como esse indicador pode impactar em suas finanças, investimentos e quais aplicações estão diretamente atreladas ao índice. Confira!

O que é o IGP-M?

IGP-M é a sigla de Índice Geral de Preços do Mercado. Ele é composto por um grupo de indicadores criados na década de 1940 para acompanhar as oscilações de preços em várias atividades e etapas de um processo de produção. Trata-se de uma das métricas mais relevantes para a economia, trazendo um panorama do mercado nacional. 

Ele influencia de forma direta as finanças pessoais, já que se relaciona com diversas despesas do dia a dia. Além disso, ajuda a entender quanto o dinheiro está valendo no momento e o comportamento dos preços.

Esse índice é calculado todos os meses pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e tem outras diversas finalidades. Uma delas é ser um indexador de contratos.

O IGP-M é largamente usado como referência para reajustes nos preços de vínculos imobiliários e tarifas de serviços públicos, como as de energia e de telefonia. Assim, trata-se de uma métrica que pode afetar substancialmente os lucros de uma empresa, por exemplo, onde redefinições de preços tendem a pesar mais pelo maior uso desses recursos.

Além disso, ele serve como base para ajuste salarial, contratos de prestação de serviços e correções monetárias e se apresenta como um dos principais aspectos analisados pelo Comitê de Política Monetária (Copom) nas definições sobre a taxa Selic, a taxa básica de juros do Brasil.

Em outras palavras, esse índice funciona como uma espécie de termômetro, apontando o nível da atividade econômica do país de uma forma geral.

Como o IGP-M é calculado?

Para chegar ao resultado do IGP-M, é feita média ponderada de outros três indicadores. São eles:

  • Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA);
  • Índice de Preços ao Consumidor (IPC);
  • Índice Nacional de Custo da Construção (INCC).

O IPA é a métrica de maior peso: ele corresponde a 60% do total e reflete a variação dos preços no mercado atacadista, sobretudo no que diz respeito a mercadorias agropecuárias e industriais.

O IPC, por sua vez, mensura as oscilações de preços no varejo. Ele leva em conta os gastos das famílias brasileiras com renda média entre um e 33 salários mínimos mensais com bens de consumo e serviços. Seu peso equivale a 30% do índice total.

Para chegar a esse índice, a FGV realiza uma pesquisa de preços diária em sete capitais: Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Porto Alegre e Salvador. Os produtos e serviços considerados pertencem a várias categorias, como habitação, educação, saúde, alimentação, vestuário e transportes.

Por fim, o INCC é um indicador específico da construção civil. Ele mede a variação de preços dos materiais, do custo da mão de obra e dos serviços relacionados ao setor, e seu peso corresponde a 10% do índice total.

Todos os meses, a FGV executa esses cálculos, levando em consideração as informações coletadas entre o dia 21 do mês anterior ao dia 20 do mês da captação. O que chamamos IGP-M acumulado é o valor que esse indicador acumula durante um período de tempo, normalmente de um ano. O valor é dado em percentuais.

Na prática, o que se faz é monitorar os preços durante dado período e determinar se a variação foi positiva ou negativa. Quanto maior a diferença entre o valor obtido e o do mês anterior, maior será o IGP-M.

Qual é o valor do IGP-M hoje?

O IGP-M atingiu a marca de -1,84% no cálculo mensal referente a maio de 2023. O índice acumulado dos últimos 12 meses é de -4,47%. 

Quais são os tipos de IGP?

Três índices compõem a “família IGP”: o já citado IGP-M, o IGP-10 e IGP-DI. A diferença é que cada indicador é calculado em um período distinto, resultado em índices de referência diferentes.

Quando ocorre a coleta de dados no período compreendido entre o dia 11 do mês anterior e o dia 10 do mês de referência, o resultado é denominado como índice IGP-10. No entanto, quando a captação de dados ocorre entre o primeiro e o último dia do mês de referência, o resultado é conhecido como IGP-DI (Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna).

O IGP-M, como dito anteriormente, resulta das informações coletadas entre o dia 21 do mês anterior e o dia 20 do mês de referência.

Qual é a diferença entre IGP-M e IPCA?

O principal fator que distingue IGP-M e IPCA é o foco: enquanto o IGP-M se concentra nas mercadorias de atacado, o IPCA foca no varejo, representando o consumo familiar dos brasileiros. 

Dessa forma, este último considera as variações de preço dos produtos voltados para o consumidor final, enquanto o primeiro leva em conta também as flutuações dos valores envolvidos nas etapas anteriores de produção.

Além disso, as instituições responsáveis pela realização dos cálculos não são as mesmas. O IGP-M é calculado pela FGV, e o IPCA, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Quais investimentos estão atrelados ao IGP-M?

Em geral, aplicações que rendem conforme a variação do IGP-M apresentam uma rentabilidade que segue às movimentações da taxa somadas a um percentual fixo. São opções consideradas seguras, mas que rendem acima da inflação. Isso quer dizer que, ao aplicar nesses ativos, seu dinheiro não se desvaloriza e você não perde poder de compra.

Confira, agora, alguns desses investimentos:

Tesouro IGP-M

Há um título do Tesouro Direto que segue especificamente a variação do índice, o Tesouro IGP-M. Esse é um investimento de rentabilidade híbrida, com uma taxa de juros fixa definida no momento da aplicação somada a um valor variável, referente à flutuação do IGP-M.

Entre suas principais vantagens estão a rentabilidade, que costuma ser acima da inflação, e a segurança do investimento, uma característica da renda fixa. 

Além disso, é um investimento de muita liquidez, o que significa que é possível vender o ativo a qualquer momento e convertê-lo em dinheiro. Apesar disso, poder valer mais a pena esperar render no longo prazo para não afetar o retorno financeiro.

LCI e LCA

As Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e as Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) também são aplicações que podem estar vinculadas ao IGP-M, embora o mais comum é que elas estejam atreladas ao IPCA.

A LCI é uma boa opção para quem quer investir no mercado imobiliário sem precisar comprar um imóvel físico. Trata-se de um título de dívida que rende conforme uma taxa prefixada somada a um indicador, que pode ser o IGP-M. 

A grande vantagem desse ativo é a segurança: trata-se de uma aplicação protegida pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) e isenta de tributação no Imposto de Renda.

Já a LCA é semelhante à LCI, com a diferença de que os recursos aplicados são investidos no agronegócio brasileiro. Como a outra letra de crédito mencionada anteriormente, esta também é isenta de Imposto de Renda e conta com a garantia do FGC.

CRIs

É possível investir em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) que apresentem rentabilidade pós-fixada, atrelada à variação do IGP-M. Trata-se de uma aplicação de renda fixa que consiste em títulos de crédito que têm como lastro os recebíveis imobiliários originados por financiamento de imóvel, aluguéis, arrendamentos ou contratos de venda.

Em geral, esses ativos têm a sua remuneração baseada no pagamento dos recebíveis, como juros e correção monetária. Eles podem ter taxas pós ou prefixadas e apresentar diversos prazos de vencimento.

Outros investimentos relacionados ao IGP-M

Há, ainda, outras alternativas interessantes relacionadas ao IGP-M. Uma delas é investir em fundos de crédito privado que aplicam seus recursos em títulos do Tesouro IGPM+ de fundos imobiliários de tijolo, aqueles que investem na construção ou na exploração comercial de imóveis físicos.

O benefício dessa aplicação está ligado ao fato de que o valor dos aluguéis costuma sofrer reajuste com base no índice.

Como acompanhar indicadores como o IGP-M e outros índices do mercado financeiro?

É importante acompanhar o IGP-M, sobretudo se você tem investimentos atrelados a esse indicador. Além de permitir prever os rendimentos, fazer projeções de mercado e proteger seu capital contra a desvalorização, conhecer os números ajuda a entender o cenário econômico de uma forma mais ampla.

Assim, é possível analisar melhor o clima econômico e escolher os investimentos corretos conforme seus objetivos e perfil de investidor. Vale lembrar que, na hora de fazer essa escolha, é essencial diversificar as aplicações da carteira em vez de concentrar todos os recursos em um só ativo. O ideal é mesclar investimentos de renda fixa e de renda variável.

Ao longo deste texto, explicamos alguns conceitos do mercado de investimentos e da economia. Se você ainda não é expert nesse universo, pode ter sentido alguma dificuldade. Isso é normal: com o tempo, você vai ver que investir não é tão difícil quanto muitos pensam. Mas é importante sempre estudar o mercado e aprofundar seus conhecimentos.

A melhor maneira de se informar sobre a inflação, o IGP-M e outros indicadores econômicos é acompanhar a Melhor Investimento. Todos os dias, produzimos conteúdo sobre economia, finanças pessoais e mercado financeiro. 

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Resumindo

O que é a taxa IGP-M?

IGP-M é o Índice Geral de Preços do Mercado, um indicador que serve para medir a variação dos preços dos produtos em um determinado período. Através desse índice, é possível determinar se houve aumento nos preços (inflação) ou redução (deflação). Trata-se de uma métrica também utilizada como padrão de rentabilidade para alguns investimentos.

Qual é o valor do IGP-M 2023?

Até maio de 2023, o IGP-M acumulado ao longo do ano é de -2,57%, o que indica deflação, ou seja, redução dos preços de produtos e serviços nesse período.

Qual a diferença entre o IGP-M e IPCA?

O IGP-M e o IPCA são índices de inflação, mas o IGP-M mede as oscilações de preços de todas as etapas de produção de uma mercadoria (da fabricação à comercialização) e foca no atacado, o IPCA mensura as movimentações dos preços para o cliente final, com foco no varejo. Este último é usado para o cálculo do primeiro.

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