MBRF tem nova disparada com Sadia Halal
Expansão com HPDC impulsiona valorização e atrai atenção de analistas, mas maioria ainda mantém recomendação neutra para os papéis
Foto: Rodolfo Buhrer
As ações da MBRF (MBRF3) voltaram a registrar forte valorização nesta terça-feira (28), dando sequência ao rali iniciado na véspera. Às 12h (horário de Brasília), os papéis subiam 15,13%, cotados a R$ 18,42, após o anúncio de ampliação da parceria com a Halal Products Development Company (HPDC), que dará origem à nova joint venture Sadia Halal. O acordo, firmado na segunda-feira (27), marca um movimento estratégico para fortalecer a atuação da companhia no mercado do Oriente Médio e abre caminho para um IPO da Sadia Halal na Arábia Saudita a partir de 2027.
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Acordo com HPDC fortalece presença da MBRF na região MENA
A expansão da parceria entre MBRF e HPDC prevê que a companhia brasileira aporte suas operações de distribuição na Arábia Saudita, Catar, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Omã, além de suas plantas industriais localizadas na Arábia Saudita e nos Emirados Árabes. O acordo também inclui o negócio de exportação direta para clientes em toda a região MENA (Oriente Médio e Norte da África), um dos mercados mais relevantes para proteínas halal no mundo.
Atualmente, a MBRF detém mais de 50% de participação nesse mercado, que já supera a Ásia em volume de importações de frango. Com a nova estrutura, a companhia reforça seu objetivo de ampliar a fatia de produtos processados no mix de receitas e acelerar o crescimento de outras categorias, como a de carne bovina.
O valor de empresa (EV) estimado para a joint venture é de US$ 240 milhões, sem dívida relevante, incluindo a aquisição de 26% da Adohha Poultry Company e investimentos em um projeto greenfield em Jeddah, na Arábia Saudita.
Analistas veem movimento estratégico, mas já precificado
Segundo a XP Investimentos, o anúncio é positivo por permitir que a empresa acelere seu crescimento em uma região estratégica e fortaleça sua presença em um dos maiores polos consumidores de proteína halal. Em relatório, a corretora estima potencial de criação de valor entre 4,4% e 9,7%, dependendo da participação final da HPDC na parceria.
Apesar do otimismo, a XP avalia que boa parte do valor já está refletida no preço das ações da MBRF. A casa destaca que, embora a transação ajude a aliviar preocupações com a alavancagem da companhia, o acordo não elimina totalmente o risco financeiro, já que as margens da National Beef permanecem pressionadas e a BRF tende a passar por normalização de margens nos próximos trimestres.
O Bradesco BBI compartilha avaliação semelhante. Para o banco, a transação é estrategicamente positiva, com potencial relevante de geração de valor e fortalecimento da posição da MBRF no mercado halal. O BBI chama atenção para o prêmio de valuation dos ativos transferidos e para a perspectiva de desalavancagem e expansão regional da empresa.
Recomendações divididas: maioria mantém posição neutra
Mesmo após a forte alta recente, a maioria das casas de análise mantém recomendação neutra para as ações da MBRF. Tanto XP quanto BBI e BTG Pactual consideram o movimento positivo para destravar valor e reforçar o posicionamento no Oriente Médio, mas apontam que o momentum operacional está enfraquecendo e o valuation segue exigente.
O BTG também ressalta que o acordo é importante para fortalecer o capital e reduzir o endividamento, em um momento em que investidores mostram preocupação com a alavancagem e com a normalização do ciclo do frango, que tende a limitar a expansão de margens no curto prazo.
Em contraste, o Goldman Sachs mantém recomendação de compra para os papéis, destacando o potencial de valorização de longo prazo e a relevância do mercado halal. Já o Morgan Stanley mantém visão underweight (exposição abaixo da média), citando alto nível de alavancagem e relação risco-retorno desfavorável.
De acordo com levantamento da Reuters, entre as nove instituições que acompanham MBRF3, três recomendam compra, cinco indicam manutenção e uma recomenda venda.
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