A AB InBev, maior cervejaria do mundo, enfrenta desafios importantes para retomar o crescimento das vendas, especialmente nos mercados do Brasil e da China. Após uma queda significativa nos volumes do segundo trimestre, a empresa planeja um impulso focado no aumento do consumo nesses países, com estratégias específicas para superar obstáculos econômicos e regulatórios.

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Queda no volume e impacto nas ações da AB InBev

Em 31 de julho, as ações da AB InBev registraram uma queda de 11,5%, a maior desde 2020, refletindo o desempenho abaixo do esperado no volume de vendas. Esse recuo foi puxado principalmente pelos mercados brasileiro e chinês, dois pilares essenciais para a companhia. A rival Heineken também sofreu com perdas, após avisar que os volumes para o restante do ano seriam menores que o esperado. O fraco crescimento no volume é um ponto de atenção para investidores, já que a recuperação das vendas em unidades é fundamental para o setor de bebidas alcoólicas.

O CEO da AB InBev, Michel Doukeris, reconheceu que o volume “não foi onde gostaríamos que estivesse”, citando o clima desfavorável no Brasil e a desaceleração econômica na China como causas principais. Apesar disso, ele destacou que receita e lucro continuam em crescimento constante, e que a empresa está ajustando suas estratégias para voltar a crescer na segunda metade de 2025.

Estratégia da AB InBev para recuperar vendas no Brasil

No Brasil, a AB InBev sofreu impacto direto devido ao aumento antecipado dos preços das suas marcas — como Brahma, Skol e Budweiser — antes da concorrente Heineken, que conseguiu ganhar mercado ao praticar preços mais competitivos. O clima ruim e a inflação também colaboraram para o desempenho abaixo do esperado no país.

A empresa está, porém, otimista em retomar o crescimento ainda este ano, com ações voltadas para ajustes de preço e campanhas que incentivem o consumo das marcas. O mercado brasileiro é um dos mais importantes para a AB InBev, sendo fundamental que a empresa recupere o volume para manter sua liderança.

Foco no consumo doméstico para impulsionar vendas na China

Na China, a maior cervejaria do mundo enfrenta desafios diferentes. Tradicionalmente focada no consumo em bares e restaurantes, a AB InBev está migrando seu foco para as vendas ao consumidor final para consumo doméstico. Essa mudança ocorre devido à desaceleração da economia chinesa e às novas regras governamentais que proíbem servidores públicos de se reunirem em grandes grupos, impactando o segmento de consumo fora de casa.

Marcas premium como Corona e Budweiser enfrentam forte concorrência no mercado chinês, o que obriga a AB InBev a ajustar sua estratégia para reconquistar espaço e aumentar o volume vendido. Esse esforço é parte central do plano da empresa para recuperar o crescimento global das vendas.

Desafios globais para o setor de cervejas

O setor de cervejas, como um todo, enfrenta um cenário difícil nos últimos anos. Após uma fase de aumentos de preços para compensar a inflação, as cervejarias viram seus volumes caírem, um efeito preocupante para investidores. A expectativa era que 2024 mostrasse recuperação, mas fatores como o clima, a inflação persistente e tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos geram riscos para a estagnação em 2025.

Para os analistas, o crescimento em volume é vital. Siphelele Mdudu, da Matrix Fund Managers, destaca que o setor não pode depender apenas de aumento de preços, pois isso pode levar os consumidores a optarem por alternativas. “A cerveja é, fundamentalmente, um jogo de volume”, afirma.

Pressão de preços e tarifas impactam competitividade

Além do Brasil e China, outras regiões também sentem a pressão de tarifas e negociações difíceis. Na Europa, a Heineken enfrenta negociações prolongadas de preços com varejistas, enquanto incertezas relacionadas às tarifas americanas afetam o consumo nas Américas. Essa volatilidade preocupa investidores que buscam estabilidade no crescimento.

Por outro lado, mercados como o México ainda mostram resiliência, apesar da constante ameaça de tarifas impostas pelos Estados Unidos. Trevor Stirling, analista da Bernstein, ressalta que o setor precisa encontrar formas de garantir crescimento de volume para evitar novas quedas nas ações.

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