Em uma votação inédita organizada pelo jornal O GLOBO, o filme “Cidade de Deus” foi eleito o melhor filme nacional do século XXI por mais de 100 diretores e profissionais do cinema brasileiro. Lançado em 2002, o longa de Fernando Meirelles e Kátia Lund consolidou-se como um marco do cinema nacional, conquistando tanto o público quanto a crítica dentro e fora do Brasil.

Enquete revela os melhores filmes brasileiros do século XXI

A eleição que elegeu Cidade de Deus como o melhor filme nacional do século XXI reuniu votos de realizadores consagrados e novos talentos do cinema brasileiro. O levantamento considerou filmes lançados comercialmente entre janeiro de 2000 e junho de 2025, totalizando 2.579 produções brasileiras durante esse período. O desafio para os votantes foi enorme, diante da diversidade e qualidade do cinema brasileiro nas últimas duas décadas.

Entre os votantes estavam nomes como Fernando Meirelles, Walter Salles, Anna Muylaert, Kleber Mendonça Filho e Karim Aïnouz, representando diferentes gerações e estilos cinematográficos. Essa pluralidade garantiu uma lista final rica e diversa, que reflete o vigor e a expansão do cinema nacional.

Por que Cidade de Deus se destacou entre os cineastas brasileiros?

Cidade de Deus, baseado no romance homônimo de Paulo Lins, destaca-se pela direção e montagem impecáveis, atuações marcantes e sua retratação pulsante da realidade urbana brasileira. O filme marcou uma mudança na percepção internacional do cinema nacional, sendo indicado a quatro prêmios Oscar e ganhando reconhecimento em festivais como Cannes, Veneza e Berlim.

Segundo o diretor de animação Carlos Saldanha, conhecido por filmes como “Rio”, a experiência de assistir ao filme em Nova York emocionou tanto brasileiros quanto estrangeiros, que saíram impactados pela força da narrativa e da brasilidade retratada na obra. O longa impulsionou ainda a carreira de diversos profissionais, como o roteirista Bráulio Mantovani, o montador Daniel Rezende e vários atores que se tornaram referências no país.

Diversidade e representatividade na lista dos melhores filmes nacionais

Apesar do avanço e da maior representatividade observada na eleição, a votação refletiu um cenário ainda dominado por homens brancos no comando das produções. Dos 50 filmes selecionados, apenas 26% foram dirigidos por mulheres, com destaque para obras como “Que horas ela volta?”, de Anna Muylaert, e “Bicho de sete cabeças”, de Laís Bodanzky, ambas presentes no top 10.

Além disso, apenas 8% dos filmes são assinados por diretores negros, como Gabriel Martins, responsável pelo filme “Marte um”, também listado entre os dez melhores. A votação contou com 40% de cineastas mulheres e cerca de 12% de diretores negros, mostrando uma maior inclusão, mas ainda distante da paridade.

Outro ponto importante da seleção é a descentralização do cinema brasileiro nas últimas décadas. Embora São Paulo lidere com o maior número de cineastas no ranking, estados como Pernambuco, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Ceará e Distrito Federal também aparecem com forte representatividade, demonstrando que a produção cultural no Brasil ganhou força em diversas regiões.

Os demais destaques do cinema nacional no século XXI

Além de “Cidade de Deus”, o segundo colocado na votação foi o filme “Ainda estou aqui” (2024), de Walter Salles, que também se destaca por ser o filme brasileiro mais visto nas salas após a pandemia. A lista dos 50 melhores filmes inclui ainda obras de diretores renomados como Kleber Mendonça Filho, com “O som ao redor” e “Bacurau”, e Eduardo Coutinho, único diretor com dois filmes no top 10.

O ano de 2007 foi o que teve mais produções selecionadas na lista, como “Tropa de Elite”, “Saneamento Básico, o filme” e “Jogo de cena”, revelando um período de grande efervescência do cinema nacional.

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