Lula rejeita negociar com Trump após tarifas dos EUA subirem para 50%
O presidente Lula rejeitou negociações diretas com Donald Trump após os EUA aumentarem as tarifas sobre produtos brasileiros para 50%.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou claro que Lula rejeita negociar com Trump diretamente após os Estados Unidos elevarem as tarifas sobre produtos brasileiros para 50% nesta quarta-feira (6). Em entrevista, o chefe do Executivo brasileiro afirmou que não vê espaço para diálogo no momento e que não pretende se humilhar para tentar conversar com o presidente norte-americano. Apesar do aumento das barreiras comerciais, o Brasil mantém a estratégia de buscar alternativas e fortalecer as negociações com outros parceiros internacionais.
Lula rejeita negociar com Trump e descarta humilhação
No cenário atual de tensão comercial entre Brasil e Estados Unidos, Lula rejeita negociar com Trump diretamente, afirmando que sua intuição indica que não há disposição por parte do presidente americano para dialogar. “O dia que a minha intuição me disser que o Trump está disposto a conversar, eu não terei dúvida de ligar para ele. Mas hoje a minha intuição diz que ele não quer conversar. E eu não vou me humilhar”, declarou.
O anúncio das tarifas americanas para os produtos brasileiros, que passaram para 50% nesta quarta-feira (6), trouxe um impacto político significativo. Lula deixou claro que o Brasil não pretende retaliar com tarifas recíprocas e continuará buscando negociações por meio de interlocutores oficiais, como o vice-presidente Geraldo Alckmin, o ministro da Fazenda Fernando Haddad e o ministro das Relações Exteriores Mauro Vieira. No entanto, o presidente ressalta que, no momento, o governo brasileiro não encontra canais abertos para diálogo direto com os Estados Unidos.
Tarifas dos EUA sobem para 50%, mas impacto no Brasil deve ser controlado
O aumento das tarifas impostas pelos Estados Unidos representa um desafio para o comércio bilateral, mas Lula acredita que o impacto não será tão drástico para a economia brasileira. O comércio com os EUA representa atualmente cerca de 12% da balança comercial do Brasil, uma redução significativa em relação ao peso da China, que é responsável por quase 30%.
“Se os Estados Unidos não querem comprar, nós vamos procurar outro para vender; se a China não quiser comprar, vamos procurar outro,” afirmou o presidente. O Brasil tem uma história de crescimento no comércio internacional e pretende diversificar ainda mais seus parceiros comerciais para evitar dependência excessiva de um único mercado.
Estratégia do Brasil: novos mercados e diálogo com Brics
Diante do impasse com os Estados Unidos, Lula revelou que pretende ligar para os líderes dos países do Brics, começando por Índia e China, para discutir a possibilidade de uma resposta conjunta às tarifas americanas. A estratégia do governo é fortalecer alianças com países em desenvolvimento e ampliar a atuação do Brasil em blocos econômicos alternativos.
Além disso, o governo brasileiro está empenhado em criar condições para que as empresas nacionais afetadas pelas tarifas possam buscar novos mercados. “Temos a obrigação de cuidar dos empregos, ajudar as empresas a encontrar outros destinos e também convencer empresários americanos a pressionarem o presidente Trump para flexibilizar essas tarifas,” explicou Lula.
Relações Brasil-EUA no pior momento em dois séculos
Lula classificou o atual momento das relações entre Brasil e Estados Unidos como o mais conturbado em 200 anos. A situação piorou após Donald Trump condicionar o fim das tarifas à suspensão do processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de tentar um golpe para se manter no poder após as eleições de 2022.
O presidente brasileiro defendeu a independência do Supremo Tribunal Federal (STF), responsável pelo julgamento de Bolsonaro, e criticou o que chamou de “intromissão inaceitável” do governo americano. “É inadmissível que o presidente dos Estados Unidos ache que pode ditar regras para um país soberano como o Brasil,” afirmou, acrescentando que Bolsonaro deveria responder também por provocar essa interferência externa.
Medidas nacionais e política para recursos minerais estratégicos
Para enfrentar os desafios econômicos das tarifas americanas, o governo planeja anunciar ainda nesta semana medidas compensatórias que visem proteger as empresas brasileiras e preservar empregos. Lula ressaltou que o foco do governo é manter a responsabilidade fiscal enquanto busca minimizar o impacto das novas tarifas.
Além disso, Lula anunciou planos para implementar uma nova política nacional para os recursos minerais estratégicos do Brasil. A intenção é tratar esses recursos como um tema de soberania nacional, promovendo maior agregação de valor à cadeia produtiva e rompendo com o histórico de exportar matérias-primas sem beneficiamento adequado.
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