Uma nova pesquisa divulgada pela Genial/Quaest revela que a maioria dos brasileiros não acredita na influência do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a Justiça do Brasil. Segundo o levantamento, divulgado nesta segunda-feira (28), 59% da população afirma que Trump não pode tornar Bolsonaro elegível novamente, contrariando a expectativa de aliados do ex-mandatário brasileiro.

O levantamento ouviu 2.004 pessoas entre os dias 10 e 13 de julho, com margem de erro de dois pontos percentuais. Os dados revelam não apenas o ceticismo generalizado em relação à capacidade de Trump de interferir no cenário político nacional, mas também evidenciam como a população percebe a independência do Judiciário brasileiro em relação a pressões externas.

Apoio internacional não convence população sobre inelegibilidade de Bolsonaro

A pesquisa da Genial/Quaest indica que a crença de que Trump não pode tornar Bolsonaro elegível está disseminada entre todos os segmentos do eleitorado. Mesmo entre os simpatizantes do ex-presidente brasileiro, há divisão quanto ao poder de Trump sobre o sistema jurídico nacional.

Entre os eleitores de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a descrença é quase unânime: 69% acreditam que não há qualquer possibilidade de o presidente norte-americano influenciar as decisões da Justiça Eleitoral do Brasil. Já entre os apoiadores de Bolsonaro, há um cenário de empate técnico: 46% confiam em uma eventual ajuda de Trump, enquanto 45% rejeitam essa possibilidade.

Entre os eleitores que anularam o voto no último pleito presidencial, o padrão de percepção se mantém: 59% acham improvável qualquer interferência de Trump, e apenas 27% acreditam em algum tipo de influência positiva vinda dos Estados Unidos.

Esse resultado reforça a compreensão generalizada de que as decisões sobre a elegibilidade de Jair Bolsonaro são de responsabilidade exclusiva das instituições brasileiras, sobretudo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Inelegibilidade de Bolsonaro é resultado de decisões do TSE

Jair Bolsonaro foi declarado inelegível até o ano de 2030 em duas ações distintas julgadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A primeira decisão, proferida em junho de 2023, responsabilizou o ex-presidente por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, ao atacar o sistema eleitoral brasileiro em reunião com embaixadores, ainda durante seu mandato.

A segunda condenação ocorreu posteriormente, e foi motivada pelo uso eleitoral das comemorações do Bicentenário da Independência, em setembro de 2022. Ambos os episódios, segundo o TSE, configuraram ações graves que feriram a isonomia do processo eleitoral, justificando sua inelegibilidade por oito anos.

Apesar das tentativas de Bolsonaro de mobilizar aliados internacionais e construir uma narrativa de perseguição política, o Judiciário brasileiro tem reafirmado sua independência. A Constituição e as leis eleitorais nacionais são claras ao determinar que questões de elegibilidade cabem exclusivamente à Justiça Eleitoral brasileira, sem espaço para pressões externas.

Estratégia com Trump tem apelo limitado no Brasil

Mesmo com a proximidade entre Bolsonaro e Donald Trump, ambos alinhados ideologicamente e com discursos semelhantes, os dados da pesquisa mostram que essa estratégia de internacionalização da narrativa enfrenta resistência no Brasil. A percepção majoritária da população é de que Trump não pode tornar Bolsonaro elegível, mesmo que deseje ou tente interceder.

Bolsonaro e seus aliados têm investido na aproximação com líderes estrangeiros como parte de sua estratégia política, buscando respaldo e apoio fora do país. No entanto, como mostram os dados da Quaest, o público brasileiro parece cada vez mais consciente da autonomia do sistema de Justiça nacional.

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