Trump quer acabar com Pix: redes sociais e Congresso brasileiro reagem à investigação dos EUA
O governo dos Estados Unidos, sob influência do ex-presidente Donald Trump, abriu uma investigação contra o Pix, sistema de pagamentos instantâneos brasileiro, alegando práticas comerciais desleais.
Foto: Evan Vucci/AP Photo
Nesta quarta-feira (16/07), a notícia de que o governo dos Estados Unidos, sob influência do ex-presidente Donald Trump, quer acabar com o Pix, sistema de pagamentos instantâneos brasileiro, ganhou repercussão imediata nas redes sociais e no Congresso Nacional. O Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR) divulgou um relatório acusando o Brasil de práticas comerciais “desleais” envolvendo o Pix, que é gratuito e utilizado por mais de 150 milhões de brasileiros. A ofensiva provocou protestos digitais e críticas de parlamentares brasileiros, que veem na ação americana uma tentativa de beneficiar grandes operadoras de cartões internacionais.
Investigação dos EUA mira Pix e gera reação imediata
A investigação americana foi aberta com base na Seção 301 da Lei de Comércio dos EUA, dispositivo legal usado para disputas comerciais internacionais. O relatório do USTR acusa o Brasil de favorecer serviços públicos de pagamento eletrônico, como o Pix, em detrimento de empresas privadas como Visa e Mastercard. Além do Pix, o documento menciona decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), acordos comerciais com Índia e México e a movimentação comercial da Rua 25 de Março, em São Paulo.
Essa ação acontece poucos dias após Trump anunciar um aumento de 50% nas tarifas para produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos, intensificando a pressão econômica contra o país.
Reação nas redes sociais: hashtags e críticas contra Trump e Bolsonaro
Nas primeiras horas do dia, o X (antigo Twitter) foi dominado por hashtags que criticam a ofensiva americana. Entre as mais populares estão #BolsotrumpContraoPix, #InimigosdoPix, #Bolsotaxa e #DefendaOPix. Usuários afirmam que o Pix é uma inovação brasileira que incomoda as grandes corporações financeiras globais.
Muitos internautas acusaram Trump de interferir em políticas públicas brasileiras e cobraram posicionamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de seus aliados, como o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), que até o momento não se manifestou sobre o caso. Ferreira, vale lembrar, já havia divulgado vídeos contrários à taxação do Pix no governo Lula, informações posteriormente desmentidas pelas autoridades.
Uma imagem gerada por inteligência artificial, atribuída ao ChatGPT, viralizou ao mostrar Bolsonaro segurando uma placa com a frase: “Seu Pix pela minha anistia”, uma crítica satírica que simboliza a reação negativa ao ataque americano.
No Congresso, parlamentares criticam ofensiva e alertam para riscos futuros
A reação política não ficou restrita às redes sociais. A deputada Erika Hilton (PSOL-SP) classificou a ofensiva como uma tentativa de impor a volta de taxas bancárias e proteger os interesses de gigantes como Visa e Mastercard. Ela também alertou para possíveis pressões futuras sobre a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), outro tema sensível entre Brasil e EUA.
O deputado Rogério Correia (PT-MG) ironizou a posição de Trump, lembrando seu histórico eleitoral e a resistência brasileira ao sistema de votação eletrônico. “Agora o Trump quer acabar com o Pix no Brasil. Diz ele que é uma prática desleal com os EUA. Bom mesmo é votar em papelzinho pelo correio, né, Laranjão?”, publicou nas redes.
Pix e PL da Devastação: mobilização ambiental ganha força com engajamento digital
Além da defesa do Pix, ativistas ambientais aproveitaram a mobilização para ampliar a resistência ao Projeto de Lei 2159/21, conhecido como “PL da Devastação”, que flexibiliza o licenciamento ambiental. A hashtag #PLdaDevastaçãoNão ganhou força paralelamente às discussões sobre o Pix, ampliando o debate sobre políticas públicas em setores estratégicos.