A deputada federal Carla Zambelli foragida, após deixar o Brasil em meio a uma ordem de prisão do Supremo Tribunal Federal (STF), foi localizada na Itália. A assessoria da parlamentar confirmou nesta quinta-feira (5) que ela está fora do país, após o ministro Alexandre de Moraes decretar sua prisão preventiva por envolvimento em ataques a sistemas do Judiciário. A Polícia Federal já foi autorizada a incluí-la na lista vermelha da Interpol, enquanto o STF prepara o pedido de extradição.

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STF decreta prisão e acusa Zambelli de fugir da Justiça

A decisão do ministro Alexandre de Moraes, proferida na quarta-feira (4), atendeu a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) e baseou-se no entendimento de que Carla Zambelli tentou se esquivar da Justiça brasileira. A parlamentar foi condenada a 10 anos de prisão por participação em ataques cibernéticos ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e está com o mandato parlamentar ameaçado.

Na decisão, Moraes destacou que a deputada deixou o país às vésperas do julgamento dos embargos de declaração de sua condenação, o que, segundo ele, comprova a “inequívoca intenção de se furtar à aplicação da lei penal”. O magistrado determinou ainda o bloqueio de bens e ativos financeiros da parlamentar e o envio de sua localização às autoridades internacionais.

Destino estratégico: por que Carla Zambelli escolheu a Itália

A escolha da Itália como destino não foi aleatória. Fontes próximas à deputada afirmam que o país europeu foi escolhido por ser menos propenso a aceitar pedidos de extradição, diferentemente dos Estados Unidos, onde Zambelli inicialmente pretendia permanecer. Segundo aliados, a resistência de setores institucionais norte-americanos em colaborar com o STF, mesmo diante do apoio de políticos aliados de Donald Trump, motivou a mudança de rota.

Paulo Figueiredo, comentarista político ligado ao bolsonarismo, divulgou nas redes sociais que “a deputada Carla Zambelli já está bem e em segurança na Itália”, antecipando a confirmação da assessoria oficial.

Campanha contra o STF na Europa

Em entrevista ao canal conservador AuriVerde, Carla Zambelli admitiu que está fora do Brasil e alegou que viajou para buscar tratamento médico. No entanto, também revelou planos de iniciar uma campanha contra o Supremo Tribunal Federal na Europa, em um movimento semelhante ao que o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) vem realizando nos Estados Unidos.

Zambelli afirmou que pretende se licenciar do cargo, enquanto articula apoio internacional contra o que chama de “abusos do Judiciário”. A atitude é vista por analistas como uma tentativa de reforçar sua base de apoio ideológico fora do Brasil e ganhar tempo diante dos desdobramentos jurídicos no STF.

Crise institucional: Legislativo e Judiciário em rota de colisão

A permanência de Carla Zambelli foragida no exterior pode aprofundar a já delicada relação entre os poderes Legislativo e Judiciário. A Constituição prevê que, em caso de prisão de parlamentar em exercício, a Câmara dos Deputados deve votar a manutenção ou não da prisão em até 24 horas, quando executada em território nacional. Contudo, como a prisão não se concretizou no Brasil, abre-se um vácuo institucional que pode gerar novos embates.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso, mas a tendência é de que o episódio gere forte repercussão política. A eventual extradição da parlamentar exigirá intensa cooperação internacional e dependerá também da análise das autoridades italianas, que podem recusar o pedido com base em argumentos técnicos ou políticos.