15% da população brasileira apostou em Bets em 2024: 47% estão endividados
A pesquisa da Anbima revela que, em 2024, 15% da população brasileira fez apostas em plataformas de bets.

Em 2024, 15% da população brasileira acima de 16 anos se envolveu com apostas em plataformas de bets, uma prática que tem se tornado cada vez mais popular no país. De acordo com a 8ª edição do Raio-X do Investidor Brasileiro, realizada pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), em parceria com o Datafolha, cerca de 23 milhões de pessoas fizeram apostas em algum momento neste ano. No entanto, o estudo também revelou dados preocupantes: quase metade dos apostadores está endividada, e muitos veem as apostas como uma forma de tentar recuperar perdas financeiras.
O crescimento das apostas no Brasil em 2024
A pesquisa mostra que, em comparação a 2023, o número de apostadores cresceu de 14% para 15%, o que representa um aumento significativo no número de pessoas que recorrem às plataformas de apostas para tentar alcançar ganhos financeiros rápidos. Esse crescimento ocorre em meio a uma busca por formas alternativas de rentabilidade, especialmente por aqueles que não possuem investimentos tradicionais ou reservas financeiras. A plataforma de apostas se apresenta como uma forma tentadora para aqueles que não têm paciência para esperar os resultados de investimentos mais seguros, como a poupança.
Quase a metade dos apostadores está endividada
O estudo revelou que 47% dos apostadores estão endividados, uma preocupação crescente no cenário econômico atual. Entre os grupos de pessoas que mais recorrem às apostas, muitos não possuem uma reserva financeira ou, se possuem, limitam-se a investimentos conservadores como a poupança. Isso leva a um comportamento de risco, onde as apostas são vistas como uma tentativa de recuperar perdas financeiras ou até mesmo de atingir uma grande quantia de dinheiro de maneira rápida.
O número de apostadores que encara as bets como um investimento também é significativo: 16% consideram que estão, de fato, fazendo uma aplicação financeira ao apostar. Esse comportamento, no entanto, esconde um potencial risco de vício, como aponta a pesquisa.
Quais são as motivações para apostar?
Os dados indicam que as pessoas que não têm reservas financeiras ou que investem apenas na poupança são as que mais buscam retornos rápidos com as apostas. O desejo de ganhar uma grande quantia de dinheiro é uma motivação comum entre essas pessoas. Por outro lado, quem já possui investimentos diversificados geralmente vê as apostas de uma forma mais emocional e divertida, buscando a adrenalina do jogo e não tanto o lucro financeiro.
A pesquisa também traz uma divisão por faixa etária e gênero. Dois terços dos apostadores são homens, e uma parte significativa deles pertence à Geração Z (16 a 28 anos), que representa 25% dos apostadores. Os millennials (29 a 43 anos) são responsáveis por 21% das apostas, enquanto as faixas etárias mais velhas, como a geração X (44 a 63 anos) e os boomers (acima de 64 anos), têm uma participação menor nas apostas.
Frequência de apostas e gastos mensais
O levantamento apontou que 35% dos apostadores fazem apostas uma ou mais vezes por semana, enquanto 46% apostam raramente. Quanto aos gastos, o estudo revelou que quem aposta com mais frequência gasta, em média, R$ 216 por mês, enquanto os apostadores ocasionais gastam uma média de R$ 102 mensais.
As pessoas que mais gastam são aquelas que não possuem reservas financeiras ou que investem apenas na poupança. Estas gastam, em média, R$ 236 por mês com apostas. Por outro lado, quem tem investimentos diversificados aposta mais, em média, R$ 241 por mês.
A tendência ao vício em apostas
Uma das descobertas mais alarmantes do estudo é a tendência ao vício em apostas. Para medir esse comportamento, os pesquisadores aplicaram uma série de perguntas para avaliar os hábitos dos apostadores. O resultado indicou que 10% dos entrevistados possuem uma tendência ao vício, o que equivale a 3 milhões de pessoas.
Esses apostadores têm, em média, 33 anos e gastam mais com apostas do que os outros. A média de gastos mensais desses indivíduos chega a R$ 683,64, e 21% os consideram como investimentos. Apesar de a pesquisa sugerir que a maioria dos apostadores não apresenta um comportamento compulsivo, a alta taxa de endividamento e a busca incessante por grandes ganhos refletem o perigo que esse hábito pode representar para a saúde financeira dos indivíduos.
Tentativas de recuperar perdas e comportamentos preocupantes
Outro dado importante da pesquisa é que 52% dos apostadores tentam recuperar perdas apostando novamente, o que pode indicar comportamentos compulsivos. Além disso, 30% dos apostadores afirmam que apostam mais do que podem perder. Isso evidencia um cenário onde a tentativa de recuperar perdas pode levar a um ciclo vicioso, onde o risco de endividamento se intensifica.
Os dados mostram também que 10% dos apostadores já recorreram a empréstimos ou venderam bens para continuar apostando, o que é uma preocupação crescente em termos de saúde financeira e bem-estar emocional.