O setor agropecuário brasileiro, que enfrentou uma série de desafios em 2024, está mostrando sinais claros de recuperação. De acordo com especialistas, como Paulo Mesquita, da Riza Asset, e Guilherme Grahl, da Valora Investimentos, a crise no agronegócio, marcada por quebras de safra, recuo nos preços de commodities e dificuldades financeiras de empresas, está chegando ao fim. Para 2025, as perspectivas são positivas, com boas oportunidades de investimento, especialmente em fundos voltados para o agro.

O que aconteceu no setor agro em 2024?

O ano de 2024 foi um dos mais desafiadores para o agronegócio brasileiro. A alta volatilidade do mercado global, combinada com uma série de eventos adversos no Brasil, como quebras de safra e a queda nos preços de algumas commodities, criou o que os especialistas chamaram de uma “tempestade perfeita”. Além disso, o agronegócio também enfrentou a crise financeira de empresas importantes do setor, como a AgroGalaxy, que entrou com pedido de recuperação judicial. Essa situação gerou um clima de desconfiança em relação aos fundos de investimento que operam no setor, principalmente aqueles que investem em Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA).

Esses acontecimentos somaram-se a um contexto macroeconômico desafiador, com altas taxas de juros e uma inflação crescente, fatores que afetaram o poder de compra interno e a rentabilidade das empresas. Contudo, especialistas acreditam que, apesar dessas dificuldades, o pior já passou para o setor agropecuário, e o cenário de recuperação é agora uma realidade palpável.

Expectativas positivas para 2025: o pior já passou

De acordo com os gestores de fundos Paulo Mesquita e Guilherme Grahl, 2025 promete ser um ano de recuperação significativa para o agronegócio, com expectativas de crescimento de 2% para o PIB do setor, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A safra de 2025, considerada muito mais favorável que a do ano anterior, tende a melhorar as margens de lucro dos produtores e, consequentemente, o desempenho dos fundos que investem no agro.

Grahl, sócio da Valora Investimentos, destaca que os fundos voltados para o setor agropecuário, como o VGIA11, estão com suas cotações abaixo do valor real devido aos eventos negativos do ano anterior. Ele acredita que a recuperação do setor, aliada à subvalorização desses ativos, oferece uma excelente oportunidade de investimento para quem busca ganhos consistentes no longo prazo. “Talvez o investidor ainda esteja um pouco assustado, mas o pior já passou para o setor e há uma oportunidade na mesa”, afirma Grahl.

O impacto menor da macroeconomia no agro

Enquanto muitos setores da economia brasileira enfrentam sérias dificuldades devido ao aumento dos juros e da inflação, o agronegócio é um dos que mais se beneficia desse cenário. A inflação, por exemplo, impacta diretamente o preço dos alimentos, o que pode beneficiar o setor ao aumentar o valor das exportações. Além disso, o agro brasileiro tem um cliente final essencialmente externo, o que diminui a dependência do mercado doméstico.

Segundo Mesquita, da Riza Asset, o impacto das condições macroeconômicas no agronegócio é muito menor do que em outros setores, como a indústria e os serviços. A alta da inflação, por exemplo, resulta em aumento nos preços dos produtos agropecuários, beneficiando os produtores que têm no mercado externo uma importante fonte de receita. Isso torna o setor mais resiliente às flutuações econômicas internas.

Projeções para 2025: setor agro em crescimento

As projeções para o setor agropecuário em 2025 indicam que a agropecuária e a indústria extrativa, especialmente a produção de grãos, continuarão a crescer significativamente. Ao contrário de setores como a indústria de transformação e o comércio, que devem crescer cerca de 1,5%, o agropecuário está bem posicionado para uma expansão mais robusta, o que pode proporcionar boas oportunidades de retorno para os investidores.

A produção de grãos, que já é um dos principais motores do agronegócio brasileiro, deve se expandir ainda mais, impulsionada por uma safra favorável e a demanda externa. Isso deve contribuir para um ano de crescimento para as empresas do setor, que, por sua vez, serão beneficiadas pelo aumento das exportações.