O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que a guerra na Ucrânia está se tornando um conflito global, após o uso de armas fornecidas pelos Estados Unidos e Reino Unido contra a Rússia. A escalada do conflito, que já afeta várias regiões da Ucrânia, agora envolve diretamente potências ocidentais, com Putin alertando para uma possível retaliação militar. A ameaça de uma guerra em maior escala, envolvendo outras potências, cresce à medida que a Rússia busca respostas a ataques ucranianos com armamentos ocidentais. Em seu discurso, Putin destacou o papel da escalada no contexto da operação militar especial russa e explicou as medidas que Moscou tomará em resposta a esse apoio ocidental à Ucrânia.

A escalada do conflito e a participação ocidental

Em seu discurso transmitido na televisão estatal russa, Putin destacou que a guerra na Ucrânia, que até o momento era um conflito de escala regional, agora apresenta características de um conflito global. A mudança ocorre após os Estados Unidos e o Reino Unido autorizaram o uso de mísseis fabricados por seus países, como os ATACMS, Storm Shadow e HIMARS, para atacar alvos russos. Isso, segundo Putin, transformou a guerra em um embate de proporções internacionais, no qual a Rússia não hesitará em agir de forma decisiva contra qualquer nação que forneça armas à Ucrânia.

Putin declarou que a Rússia já respondeu aos ataques ucranianos com mísseis, incluindo um novo tipo de míssil balístico hipersônico de médio alcance, usado em um ataque a uma instalação militar ucraniana. Ele também alertou que mais ataques podem ocorrer e garantiu que a população civil seria previamente avisada em caso de ataques com armas de maior poder destrutivo, como os mísseis hipersônicos.

A utilização de armamentos ocidentais pela Ucrânia, como os mísseis ATACMS e Storm Shadow, tem aumentado a tensão entre os países ocidentais e a Rússia, com Putin deixando claro que a Rússia considera essa assistência como uma forma de agressão. A escalada da guerra é acompanhada de perto por toda a comunidade internacional, que observa com preocupação os desdobramentos dos ataques e as possíveis implicações para a segurança global.

A ameaça de retaliação e o impacto regional

Putin explicou que, em resposta ao ataque ucraniano, a Rússia havia lançado mísseis hipersônicos, reforçando a capacidade militar do país frente aos avanços da Ucrânia. Ele também indicou que a resposta militar russa ao uso de armas ocidentais não seria limitada, podendo se expandir para atingir alvos em países que permitam o uso de seus armamentos contra a Rússia.

A retaliação, porém, não se restringe a ações militares diretas, uma vez que Putin mencionou também o impacto de decisões geopolíticas como a retirada dos Estados Unidos do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF), em 2019. A decisão dos EUA de romper o acordo foi vista por Moscou como uma tentativa de minar a segurança global, acusando Washington de “destruir unilateralmente” um pacto importante, o que contribuiu para a atual instabilidade.

A situação no terreno: o controle russo e as preocupações do ocidente

Atualmente, a Rússia controla 18% do território ucraniano, incluindo a Crimeia, que foi anexada em 2014, e partes significativas do Donbas e das regiões de Zaporizhzhia e Kherson. As forças russas continuam em ofensiva, com as principais operações militares concentradas nas regiões de Donetsk e Luhansk, onde Moscou tenta consolidar seu controle.

A Ucrânia, por sua vez, continua sua resistência, apoiada fortemente pelo Ocidente, que tem fornecido recursos militares, econômicos e diplomáticos. A preocupação de Kiev e seus aliados é que, se a Rússia tiver sucesso em sua campanha militar na Ucrânia, o próximo alvo possa ser um país membro da OTAN, ampliando ainda mais o escopo do conflito.