Partidários de Javier Milei criam forças celestiais em defesa de sua agenda política
A criação das “Forças Celestiais”, um grupo armado de apoio a Javier Milei, gerou controvérsia na Argentina.

Na última semana, um novo e polêmico grupo foi lançado por apoiadores do presidente argentino Javier Milei. Chamado de “Forças Celestiais”, o grupo se apresenta como uma força armada que visa proteger e promover a agenda de Milei, um político de extrema-direita. O anúncio, realizado no final do sábado passado por Daniel Parisini, influenciador e defensor do governo, gerou repercussões no cenário político da Argentina e além, trazendo à tona questões sobre militarização de movimentos políticos e o uso de grupos armados como forma de apoio a um governo. A criação das “Forças Celestiais” é mais um capítulo na ascensão de Milei ao poder e suas relações com movimentos conservadores ao redor do mundo.
O que são as Forças Celestiais?
O grupo denominado “Forças Celestiais” foi apresentado como um braço armado do partido libertário de Milei. O influenciador de direita Daniel Parisini, um conhecido apoiador de Milei, descreveu o novo grupo como uma “guarda pretoriana” – alusão à unidade de elite que protegia os imperadores romanos. Essa referência é clara: as “Forças Celestiais” se colocam como defensores fiéis da agenda do presidente, prontos para combater aqueles que se opõem ao governo ou às suas políticas, especialmente os críticos da direita e os movimentos de esquerda.
O nome do grupo, “Forças Celestiais”, também pode ser interpretado como uma forma de reforçar a ideia de uma missão quase divina, com uma missão sagrada de proteger a liberdade e a independência do país, conforme defendido por Milei. Essa estrutura busca criar uma identidade forte e de lealdade incondicional, ressaltando uma postura militarizada em um cenário de crescente polarização política.
Como as Forças Celestiais se alinham com movimentos internacionais?
O lançamento das “Forças Celestiais” remete a um fenômeno que já é observado em outros países, como os Estados Unidos, onde grupos de milícias armadas começaram a se tornar politicamente ativos, especialmente durante a presidência de Donald Trump. Em ambos os casos, a ideia de uma “guarda leal” que defende um líder ou movimento político foi adotada como uma maneira de demonstrar força e resistência contra os adversários ideológicos. Milei, que tem uma postura firmemente alinhada com Trump, busca inspiração nesses grupos armados como um modelo de lealdade política.
Nos Estados Unidos, grupos como o Proud Boys e outros movimentos de extrema-direita têm se tornado cada vez mais visíveis, especialmente após as tensões políticas e sociais geradas nas últimas eleições. O apoio de Milei a Trump e o lançamento das “Forças Celestiais” na Argentina mostram uma tendência crescente em que grupos militares ou paramilitares são usados como extensão de forças políticas conservadoras e ultranacionalistas.
A ascensão de Javier Milei à presidência da Argentina no final de 2023 foi um reflexo direto de um contexto de crise econômica e de insatisfação popular. Com uma inflação de três dígitos e uma recessão prolongada, Milei aproveitou o momento de indignação social para se destacar com promessas de redução de gastos públicos e de combate à inflação. Como ex-comentarista de televisão e congressista, Milei soube se comunicar diretamente com a população, usando uma retórica agressiva e, muitas vezes, polarizadora.
A criação das “Forças Celestiais” pode ser vista como um passo adiante na militarização da política, refletindo um apoio incondicional à figura do presidente e sua forma de governar. Se por um lado, o movimento tenta consolidar sua base de apoio entre os conservadores, por outro, pode intensificar as divisões internas na Argentina, especialmente entre os movimentos de esquerda e as forças militares ou paramilitares que podem surgir.
A reação social e política ao lançamento das Forças Celestiais
A reação ao lançamento das “Forças Celestiais” tem sido polarizada. Por um lado, os apoiadores de Milei enxergam o grupo como uma forma de defesa legítima da agenda política e como uma resposta à crescente violência verbal e simbólica dos opositores. Eles veem o grupo como um símbolo de resistência contra os inimigos ideológicos do governo, incluindo comunistas, socialistas e até figuras como o papa Francisco, que também foi alvo das críticas de Milei.
No entanto, a criação de um grupo armado levanta sérias preocupações no cenário político da Argentina. Para os opositores, as “Forças Celestiais” são um sinal alarmante de autoritarismo e de uma possível escalada para a violência política. Essa militarização da política tem o potencial de radicalizar ainda mais o debate político no país, transformando um ambiente de polarização em um terreno fértil para conflitos mais graves.