A Hapvida (HAPV3), operadora de planos de saúde, enfrentou dificuldades no terceiro trimestre de 2024 (3T24), com resultados financeiros abaixo das expectativas devido a um aumento significativo nas provisões para contingências. O cenário de maior judicialização no setor foi apontado pela empresa como o principal fator para o crescimento expressivo nos processos judiciais, impactando diretamente as despesas e gerando volatilidade nas ações da companhia. Como resultado, as ações da Hapvida sofreram uma queda significativa após a divulgação do balanço, refletindo a preocupação do mercado com o futuro da operadora.

Aumento da judicialização e o impacto nas provisões para contingências

No 3T24, a Hapvida registrou um aumento de 1,5 ponto percentual nas despesas-caixa em relação à receita, que alcançaram 18,2%, um aumento expressivo de 2,3 pontos percentuais em relação ao trimestre anterior. O aumento das provisões para contingências, que triplicaram em relação ao ano anterior e dobraram no comparativo com o trimestre passado, somaram R$ 307 milhões. A companhia informou que parte deste valor, R$ 80 milhões, se refere a períodos anteriores, mas o aumento substancial das provisões ainda gerou impacto negativo no resultado da operadora.

A judicialização no setor de planos de saúde tem sido um desafio crescente, e a Hapvida não foi poupada. A operadora relatou um aumento expressivo na busca por proteção jurídica por parte dos clientes, o que resultou em uma maior demanda por provisões, gerando incertezas sobre a sustentabilidade das margens da empresa.

Reação do mercado e volatilidade das ações

Após a divulgação do balanço do 3T24, as ações da Hapvida (HAPV3) abriram com forte queda, refletindo a preocupação do mercado com o impacto das provisões judiciais nas finanças da empresa. No entanto, durante a teleconferência com os analistas, a empresa procurou tranquilizar os investidores, sinalizando que irá elevar os preços de seus planos de saúde para absorver os efeitos da judicialização crescente.

Apesar do alívio momentâneo após a conferência, os papéis continuaram a sofrer, e às 13h40 (horário de Brasília) de quarta-feira (13), as ações caíam 4,53%, sendo cotadas a R$ 3,16. A volatilidade nos preços reflete o cenário de incerteza que paira sobre a empresa, especialmente em relação à judicialização no setor de saúde e a necessidade de ajustes nos preços dos planos.

Ações da Hapvida: ajustes de preço para mitigar os efeitos

Durante a teleconferência, a Hapvida anunciou que implementará aumentos em todas as suas tabelas de preços, como forma de mitigar os impactos das provisões para contingências e da judicialização. A estratégia visa compensar as perdas com o aumento da demanda por serviços jurídicos, que tem gerado custos adicionais para a operadora. A elevação dos preços é uma medida necessária para preservar a margem de lucro da companhia e garantir a sustentabilidade financeira diante do cenário adverso.

Embora a medida tenha sido recebida com cautela pelo mercado, ela reflete a tentativa da Hapvida de se adaptar à nova realidade do setor de planos de saúde, onde a judicialização tem se mostrado um desafio crescente.