O governo central brasileiro encerrou o mês de setembro com um déficit primário de R$ 5,3 bilhões, um valor que surpreendeu positivamente o mercado, já que os analistas previam um saldo negativo mais expressivo de R$ 6,35 bilhões. O resultado, divulgado pelo Tesouro Nacional, representa uma reversão em comparação com o mesmo período do ano passado, quando foi registrado um superávit de R$ 11,6 bilhões.

Déficit primário surpreende e fica abaixo do esperado

O déficit primário de setembro, apesar de significativo, ficou abaixo das expectativas de mercado, o que gerou certo alívio em meio a preocupações com o equilíbrio das contas públicas. Em levantamento da Reuters, os analistas projetavam um déficit de R$ 6,35 bilhões, o que torna o resultado de R$ 5,3 bilhões menos impactante.

O déficit primário compreende o saldo das contas do Tesouro Nacional, do Banco Central e da Previdência Social, excluindo-se o pagamento de juros da dívida. Para os economistas, esse indicador é essencial para avaliar a saúde fiscal de um país, pois ele mostra a capacidade do governo de manter o equilíbrio entre receitas e despesas, sem considerar os encargos da dívida pública. O saldo negativo registrado em setembro reflete uma série de fatores, incluindo ajustes na arrecadação e despesas maiores, em especial com a Previdência.

Pressão fiscal e o desafio das reformas

O desempenho fiscal do governo central tem sido observado de perto, uma vez que o país enfrenta um cenário econômico desafiador, com pressões tanto do lado da despesa quanto da arrecadação. Para o governo, a busca por um ajuste fiscal efetivo passa pela realização de reformas que possam equilibrar melhor as contas públicas. Medidas de corte de despesas e reestruturação de programas sociais são frequentemente consideradas, mas encontram resistência política e popular, o que pode dificultar o alcance das metas fiscais.

A situação da Previdência Social, que contribui significativamente para o déficit, é um dos principais fatores de pressão nas contas públicas. Em 2024, a despesa previdenciária continuou a crescer, acompanhando o envelhecimento da população e a manutenção de benefícios. Combinado a isso, o crescimento econômico tem se mostrado insuficiente para alavancar a arrecadação em níveis que compensem o aumento dos gastos obrigatórios.

Atraso na divulgação e mobilização de servidores

A publicação dos dados de setembro foi impactada por um atraso. Tradicionalmente, o Tesouro Nacional divulga esses dados na última semana de outubro, mas neste ano houve um adiamento em razão da mobilização dos servidores do Tesouro. Os funcionários estão em negociação com o governo por melhorias nas condições salariais, e essa movimentação afetou o calendário de divulgação dos dados.

Essa situação ressalta um desafio adicional na gestão fiscal, pois questões como o aumento salarial de servidores têm impacto direto nas despesas correntes do governo. A demanda por reajustes salariais no setor público é uma pressão constante, e qualquer concessão adicional poderá agravar o déficit fiscal e comprometer o esforço de ajuste nas contas públicas.