Após três dias consecutivos de alta, o Ibovespa registrou uma queda de 0,73% nesta quinta-feira, encerrando o pregão aos 130.793,41 pontos. A baixa foi impulsionada principalmente pelas perdas das ações da Vale (VALE3) e da Petrobras (PETR4), refletindo um cenário de decepção no mercado de commodities, em contraste com os resultados positivos das bolsas no exterior.

Vale e Petrobras puxam queda no Ibovespa

A principal responsável pela queda do índice foi a Vale, cujas ações caíram 2,53% após uma significativa desvalorização de 6% no preço do minério de ferro. O movimento foi causado por um sentimento de frustração em relação aos estímulos econômicos da China, maior consumidora global da commodity. A falta de ações mais robustas por parte do governo chinês para estimular a economia impactou diretamente o setor de mineração, causando perdas também em outras empresas brasileiras.

As ações da Companhia Siderúrgica Nacional (CSNA3) recuaram 2,26%, enquanto Gerdau (GGBR4) e Usiminas (USIM5) fecharam com quedas de 0,38% e 1,62%, respectivamente.

No setor de petróleo, mesmo com a oscilação positiva do preço do barril após o anúncio da morte de um líder do Hamas em Israel, as ações da Petrobras não reagiram e fecharam com queda de 0,75%. O mercado permanece cauteloso quanto aos desdobramentos do conflito no Oriente Médio, o que manteve a pressão sobre os papéis da estatal brasileira.

Setores em destaque: frigoríficos e papeleiras sobem, enquanto ações de saúde recuam

Entre os poucos setores que se destacaram positivamente no pregão de hoje, os frigoríficos foram os que mais chamaram atenção. As ações da BRF (BRFS3) subiram 2,66%, enquanto Marfrig (MRFG3) registrou alta de 2,54%. Esse desempenho positivo reflete a crescente demanda global por proteínas, somado a expectativas de resultados financeiros favoráveis para o setor.

No setor de papel e celulose, empresas como Klabin (KLBN11) e Suzano (SUZB3) também se destacaram, com altas de 1,08% e 1,01%, respectivamente. A XP Investimentos divulgou um relatório recomendando a elevação da exposição no setor, citando perspectivas de crescimento sustentado nos mercados globais de papel e embalagens.

Por outro lado, as ações de saúde tiveram um dia difícil. Hapvida (HAPV3), o ativo mais negociado do dia, recuou 3,63%, liderando as perdas no Ibovespa. A queda é atribuída a preocupações com o desempenho financeiro da empresa, que tem enfrentado dificuldades em integrar aquisições recentes e controlar custos.

Maiores altas do Ibovespa nesta quinta-feira (17)

TickerValorização (%)Valor por ação (R$)
BRFS3+2.66%R$ 23,89
MRFG3+2.54%R$ 13,73
BRAV3+2.21%R$ 17,57
JBSS3+1.53%R$ 34,61
KLBN11+1.08%R$ 20,53

Maiores quedas do Ibovespa nesta quinta-feira (17)

TickerValorização (%)Valor por ação (R$)
HAPV3-3.63%R$ 3,72
YDUQ3-3.59%R$ 10,20
HYPE3-3.06%R$ 25,94
IRBR3-2.84%R$ 42,04
VALE3-2.53%R$ 60,76

Contraste com o mercado internacional

Enquanto o Ibovespa sofreu com as quedas das principais blue chips, os mercados internacionais apresentaram desempenho positivo. Nos Estados Unidos, os principais índices de Wall Street terminaram o dia em alta, com o Dow Jones batendo um novo recorde, fechando com elevação de 0,38% aos 43.239,05 pontos. O S&P 500, por sua vez, recuou levemente 0,02%, enquanto o Nasdaq subiu 0,04%, impulsionado principalmente pelo desempenho das empresas de tecnologia.

O otimismo nas bolsas americanas foi sustentado por dados econômicos que afastam, cada vez mais, o risco de uma recessão iminente. Indicadores do mercado de trabalho, varejo e indústria mostraram recuperação sólida, proporcionando fôlego para os investidores. Além disso, o excelente desempenho da Taiwan Semiconductor, fornecedora da Nvidia, que divulgou resultados trimestrais acima do esperado, puxou uma alta nas ações de tecnologia.

Na Europa, os índices também fecharam em alta, em resposta ao corte de 0,25 ponto percentual nas taxas de juros pelo Banco Central Europeu (BCE), o terceiro do ano. Mesmo com alertas sobre uma economia mais fraca do que o esperado, o índice de preços ao consumidor (CPI) da zona do euro apresentou desaceleração, fechando setembro com variação de 1,7%, ante 2,2% em agosto.

Dólar registra leve queda após alta nos últimos dias

O dólar comercial encerrou o dia com leve baixa de 0,08%, cotado a R$ 5,66. O recuo foi moderado após duas sessões consecutivas de alta. O comportamento do dólar no Brasil divergiu do mercado global, onde o índice DXY, que mede a força da moeda americana frente a outras principais divisas, subiu 0,20%, atingindo 103,80 pontos.

A oscilação da moeda americana segue atrelada às expectativas em relação ao cenário econômico nos EUA e à política monetária do Federal Reserve. Apesar da leve queda frente ao real, a cautela permanece no radar dos investidores, especialmente devido à volatilidade nos mercados emergentes.

Ibovespa, dólar e índice das bolsas americanas

NomeFechamento Variação em ptsVariação em %
🇧🇷 Bovespa130.793-956-0,73%
🇧🇷 USD/BRL5,6563-0,0084-0,15%
🇺🇸 S&P 5005.841,47-1,00-0,02%

Expectativas para o próximo pregão

A semana, que até então apresentava um saldo positivo, com alta acumulada de 0,62%, agora segue para o último dia com incertezas. A agenda de indicadores econômicos permanece esvaziada, o que direciona as atenções dos investidores para o noticiário corporativo, político e geopolítico.

Com o conflito no Oriente Médio ainda sem desfecho, as expectativas em torno das commodities permanecem voláteis. O mercado também aguarda novas sinalizações do governo brasileiro quanto à questão fiscal, especialmente após as recentes declarações do presidente Lula sobre os gastos com saúde e educação.

No geral, a semana termina com saldo positivo para o Ibovespa, mas a volatilidade nos mercados globais, combinada com incertezas internas, pode continuar pressionando o índice nas próximas sessões.