O comitê independente contratado pela Americanas (AMER3) para investigar a fraude contábil na varejista divulgou um relatório chocante que expõe irregularidades significativas na empresa, resultando em uma fraude de R$ 25 bilhões. O documento, que foi entregue em julho, veio à público nesta semana, trazendo à tona detalhes alarmantes sobre a situação financeira da companhia.

O relatório do comitê de investigação revela práticas contábeis fraudulentas que envolviam, entre outras coisas, o uso de uma linha de crédito conhecida como risco sacado. Esse recurso, utilizado para garantir pagamentos a fornecedores com desconto em duplicatas, não foi corretamente reconhecido como dívida nas demonstrações financeiras da empresa.

As irregularidades foram identificadas durante a investigação conduzida por um comitê independente, que foi estabelecido para elucidar as práticas financeiras da Americanas. O relatório foi concluído em julho de 2024, mas as informações começaram a circular publicamente nesta semana.

As principais fraudes envolviam a falta de reconhecimento de despesas, que somaram cerca de R$ 3,4 bilhões, além da manipulação de contratos de verba de propaganda cooperada (VPC). A Americanas forjava contratos que não correspondiam a transações reais, criando um cenário contábil artificial que ocultava problemas de caixa. Esses contratos foram classificados como VPC B, enquanto os verdadeiros eram identificados como VPC A, permitindo à empresa reduzir artificialmente seus custos.

A revelação das fraudes é crucial para entender a gravidade da situação financeira da Americanas. A falta de transparência nas operações não só prejudicou a confiança de investidores e stakeholders, mas também levantou questões sobre a governança corporativa da varejista. A revelação desses fatos pode ter um impacto significativo na continuidade das operações e na recuperação da credibilidade da empresa no mercado.

O relatório também destaca a relação da Americanas com instituições financeiras, onde a empresa solicitava a ocultação de determinadas operações, como o risco sacado. Essa prática levou as auditorias a acessar documentos forjados, criando uma barreira à detecção de fraudes. As auditorias enfrentaram momentos de tensão com a diretoria, especialmente em relação ao fornecimento de informações incompletas.

Outro ponto preocupante levantado pelo relatório foram as vendas de ações realizadas por executivos da Americanas, que totalizaram cerca de R$ 287 milhões no segundo semestre de 2022. Essas transações levantaram bandeiras vermelhas no conselho de administração, especialmente porque ocorreram antes da divulgação dos resultados do terceiro trimestre daquele ano.

Além disso, a preocupação da diretoria aumentou com a nomeação de Sérgio Rial como novo presidente em 2023. A mudança na liderança trouxe desafios adicionais para os executivos, que se viram obrigados a justificar números e operações a um novo CEO. O relatório sugere que essa transição pode ter dificultado ainda mais a manutenção do esquema fraudulento.