Venezuela anuncia parceria com MST e críticas ao governo Lula
A recente parceria entre a Venezuela e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) está chamando a atenção no cenário político e agrícola da América Latina. O presidente venezuelano Nicolás Maduro revelou na segunda-feira (09), uma nova colaboração com o MST para transformar uma área de 10 mil hectares no estado de Bolívar, o maior da Venezuela.

A parceria anunciada por Nicolás Maduro tem como objetivo utilizar os 10 mil hectares de terras no estado de Bolívar para cultivar alimentos essenciais como milho, soja e feijão. Maduro estabeleceu uma meta ambiciosa de expandir essa área para 100 mil hectares nos próximos anos, buscando não apenas aumentar a produção de alimentos, mas também melhorar a autossuficiência agrícola da Venezuela. Essa colaboração com o MST, que enviará uma equipe de agricultores ao país, representa uma tentativa significativa de revitalizar o setor agrícola venezuelano e promover um desenvolvimento sustentável na região.
A relação entre a Venezuela e o Brasil passou por transformações marcantes ao longo dos anos. Durante os primeiros mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2011), as relações bilaterais foram consolidadas com uma forte cooperação entre os dois países. No entanto, a administração atual de Lula tem adotado uma postura mais crítica em relação ao regime venezuelano, refletindo um afastamento das políticas anteriores.
Jorge Arreaza, ex-vice-presidente da Venezuela e atual secretário-executivo da Alba (Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América), expressou críticas ao governo brasileiro atual através de seu perfil no Telegram. Arreaza mencionou que o presidente Lula de agora é bastante diferente daquele de anos anteriores, especialmente em relação à sua aliança com partidos de direita e ao seu vice-presidente, Geraldo Alckmin. Essa mudança nas relações bilaterais destaca um período de tensões e ajustes nas políticas externas de ambos os países.
Durante o anúncio da parceria, Nicolás Maduro fez declarações elogiosas ao MST, chamando o movimento de “Movimento Com Terra” e destacando seu papel na promoção da agricultura e da justiça social. Maduro afirmou que o MST é o movimento mais “cristão” que existe, sublinhando a importância do envolvimento do grupo na nova iniciativa agrícola na Venezuela. Essas declarações refletem uma tentativa de fortalecer laços políticos e de colaboração com o MST, destacando a relevância do movimento na estratégia agrícola venezuelana.
Apesar das tentativas de mediação e das interações anteriores entre Lula e Maduro, a relação entre os dois líderes se desgastou com o tempo. No início de seu terceiro mandato, Lula recebeu Maduro no Palácio do Planalto, onde discutiram questões complexas relacionadas à democracia e às políticas regionais. No entanto, as divergências e o endurecimento do regime venezuelano contribuíram para um esfriamento nas relações bilaterais.
O MST continua a demonstrar seu apoio a Nicolás Maduro e à sua administração. João Pedro Stédile, líder do MST, descreveu recentemente a Venezuela como o “centro da luta de classes na América Latina”, destacando a importância da colaboração agrícola entre o MST e a Venezuela. Esse apoio contínuo reflete o alinhamento do MST com as políticas venezuelanas e seu papel na promoção de mudanças sociais e econômicas na região.