Tendência de queda nos dividendos: empresas brasileiras optam por acumular caixa, mostra levantamento
No decorrer deste ano, as empresas brasileiras passaram por uma queda na distribuição de dividendos aos acionistas, pensando manter mais capital em suas reservas. Esta tendência tem se consolidado em resposta ao aumento das incertezas tanto no cenário doméstico quanto internacional. Fatores como as taxas de juros elevadas globalmente, perspectivas de mudanças na legislação tributária e a agravante situação geopolítica, marcada por duas guerras em curso, contribuem para essa tomada de decisão.
Um estudo apresentado recentemente pela plataforma Meu Dividendo revelou que, nos primeiros dez meses deste ano, a distribuição de lucros caiu cerca de 31% em relação ao mesmo período de 2022. Inicialmente, a expectativa era de que o ano registrasse uma distribuição de dividendos robusta, possivelmente a maior da história. Entretanto, na prática, isso não se concretizou.
Após um início de ano com pagamentos recordes, baseados em valores anunciados em 2022, as empresas diminuíram gradualmente a distribuição, em parte devido à deterioração do cenário econômico e ao clima de cautela gerado pelos escândalos envolvendo empresas como Americanas e Light. Além disso, os meses de discussões da reforma tributária, agora no Senado, também tiveram impacto na estratégia das empresa
Quais bancos ou instituições financeiras irão reverter a queda nos dividendos em 2024?
A projeção para o ano de 2024 aponta que apenas algumas instituições financeiras têm planos de elevar a distribuição de dividendos, de acordo com a XP Investimentos. O Banco do Brasil deve manter certa estabilidade, mantendo o índice de retorno de dividendos (DY) em torno de 10%. Por outro lado, o Bradesco deve reduzir seu patamar atual de aproximadamente 6% para 4,7% no próximo ano.
Especialistas acreditam que Santander, Itaú e B3 devem aumentar suas distribuições de lucros. No caso do Santander, a expectativa é de um salto de 1,7% para 3,5% em termos de rendimento de dividendos. Enquanto isso, o Itaú deve elevar de 3,2% para 5,1%. Por fim, a B3 planeja elevar seus dividendos para um rendimento de 7,4%, enquanto suas ações atualmente geram cerca de 5% de rendimento.
No entanto, outros bancos digitais e fintechs, como Nubank, Inter e Méliuz, não planejam pagar dividendos aos acionistas. O Santander, por exemplo, busca remunerar seus acionistas distribuindo 50% de seu lucro líquido anual, superando o mínimo exigido por lei, que é de 25%. A XP Investimentos vê o Itaú como o “banco favorito” dos analistas, destacando suas vantagens ao combinar elementos cíclicos e estruturais. Isso contribui para manter uma perspectiva positiva para a empresa, considerando seu valuation abaixo da média histórica.