Vitória de Kamala Harris ‘ajudaria’ países emergentes, avalia XP

Harris possui uma ligeira vantagem sobre o rival republicano em Michigan e Wisconsin, mas ambos os candidatos permanecem empatados na Pensilvânia, conforme a pesquisa mais recente da CNN.

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01 de nov, 2024 às 07:07
Vitória de Kamala Harris ‘ajudaria’ países emergentes, avalia XP Vitória de Kamala Harris ‘ajudaria’ países emergentes, avalia XP

Na próxima semana, os mercados acionários globais estarão focados em um único evento: as eleições presidenciais dos Estados Unidos. De quem será a vitória? Até o momento, o ex-presidente Donald Trump e a vice-presidente Kamala Harris estão tecnicamente empatados nas pesquisas de opinião.

Harris possui uma ligeira vantagem sobre o rival republicano em Michigan e Wisconsin, mas ambos os candidatos permanecem empatados na Pensilvânia, conforme a pesquisa mais recente da CNN divulgada na quarta-feira (30), a menos de uma semana do pleito de 5 de novembro.

A candidata democrata lidera Trump por 48% a 43% entre prováveis eleitores em Michigan e por 51% a 45% em Wisconsin, dois dos três Estados fundamentais conhecidos como “muro azul”, que contribuíram para a vitória de Joe Biden sobre Trump em 2020.

No entanto, as apostas em uma possível vitória de Trump aumentaram nas últimas semanas, o que tem impulsionado o dólar globalmente. Em relação ao real, a moeda norte-americana alcançou R$ 5,79, a maior cotação desde março de 2021.

Impacto das eleições nos EUA para o Brasil

Embora os retornos do principal índice da B3, o Ibovespa (IBOV), não estejam fortemente ligados à corrida pela Casa Branca, alguns setores locais podem se beneficiar caso a democrata Kamala Harris vença a eleição presidencial.

Se as pesquisas eleitorais se confirmarem e Harris vencer a disputa, empresas ligadas à produção de minerais críticos e setores expostos a “investimentos verdes” serão as maiores beneficiadas, conforme a análise da XP Investimentos.

“Esperamos que Harris mantenha a agenda climática de Biden, fortalecendo políticas emblemáticas e consolidando a liderança climática dos EUA em acordos internacionais”, explicam os analistas Fernando Ferreira, Jennie Li, Felipe Veiga e Júlia Aquino.

Na avaliação da equipe, a dominância da China em minerais críticos — componentes essenciais para a transição energética — representa uma vulnerabilidade estratégica para os Estados Unidos.

Nesse contexto, o Brasil surge como uma possível “solução”, já que possui o potencial de se tornar um fornecedor alternativo relevante para a China, de acordo com os analistas.

Diante disso, a XP recomenda três ações com exposição a um maior nível de investimento verde. São elas:

  • Suzano (SUZB3), do setor de papel e celulose;
  • WEG (WEGE3), do setor de bens de capital;
  • Serena Energia (SRNA3), do setor de elétricas e saneamento. 

Além dessas, a Vale (VALE3), um dos pesos-pesados do Ibovespa (IBOV), também está na lista de recomendações da XP devido ao seu papel como produtora de minerais críticos, especialmente níquel e cobalto.

Vale destacar que esses minerais são essenciais para a transição energética e para atender à crescente demanda global por materiais sustentáveis, posicionando a Vale como um fornecedor estratégico para o mercado global, particularmente para os Estados Unidos, em um cenário de reforço de políticas de energia verde.

Kamala X investidores estrangeiros no Brasil 

Na visão macroeconômica, os analistas da XP avaliam que o impacto de uma possível vitória de Kamala Harris seria mais indireto e incerto. Eles destacam a possibilidade de um crescimento econômico maior nos Estados Unidos, impulsionado por investimentos em infraestrutura, suporte às pequenas empresas e investimentos em saúde. 

Dessa forma, esse cenário poderia favorecer a economia americana, elevando o sentimento de mercado e incentivando investidores a buscar maiores oportunidades de risco em mercados externos, especialmente em países emergentes como o Brasil.

Além disso, Harris defende o aumento da alíquota de imposto corporativo de 21% para 28%, o que poderia reduzir os lucros corporativos e gerar maior risco de mercado nos Estados Unidos. Contudo, uma política fiscal expansionista, como a defendida pela democrata, também pode enfraquecer o dólar.

“Diante disso, enxergamos um potencial de saída de fluxos dos EUA em direção a ações globais e mercados emergentes”, aponta o relatório da XP.