Na área da saúde, um desafio persistente enfrentado por hospitais em todo o mundo é o alto índice de pacientes que marcam consultas, exames e procedimentos médicos, mas acabam não comparecendo. Essas faltas não apenas prejudicam a eficiência operacional, mas também representam uma perda significativa de receita para as instituições de saúde. Na Rede D’Or, uma das maiores redes hospitalares do Brasil, esse problema não é diferente, com taxas de faltas variando entre 30% e 35%.

Diante desse cenário, a Rede D’Or adotou uma solução inovadora baseada em inteligência artificial para lidar com as faltas de pacientes. Por meio de um modelo de IA desenvolvido internamente, a instituição consegue prever com precisão as chances de um paciente não comparecer a uma consulta, exame ou procedimento. Essa abordagem proativa permite que a equipe hospitalar reaja antecipadamente, reagendando as consultas ou adotando medidas para garantir a presença dos pacientes.

Funcionamento do sistema de inteligência artificial na rede D’Or

O sistema de IA da Rede D’Or é capaz de identificar os pacientes faltosos com até 72 horas de antecedência, permitindo que a equipe entre em contato com eles para confirmar a ausência. Essa abordagem tem se mostrado altamente eficaz, com uma taxa de acerto impressionante de 94%. Além disso, o projeto recebeu reconhecimento internacional, como o prêmio RSNA Emerging Issues Grant da Radiological Society of North America (RSNA), destacando sua relevância e inovação no setor de saúde.

O sucesso do projeto da Rede D’Or também levou à sua fase de implantação em hospitais da rede na capital paulista. Além disso, o Hospital Sírio Libanês, outra instituição de renome no país, adotou uma abordagem semelhante, utilizando algoritmos para prevenir faltas de pacientes. O programa do Sírio Libanês foi tão bem-sucedido que a instituição está considerando até mesmo sua comercialização para outras instituições de saúde.

Uso de algoritmos na gestão de agenda

Assim como a Rede D’Or, o Hospital Sírio Libanês implementou algoritmos para rastrear o perfil dos pacientes faltosos e agir preventivamente. Essa abordagem tem sido fundamental para otimizar a gestão de agendas e garantir um fluxo mais eficiente de pacientes nos hospitais.

Além de prevenir faltas de pacientes, a inteligência artificial também está sendo aplicada em outras áreas da saúde, como na leitura de laudos médicos para identificar cânceres precocemente. A Rede D’Or, por exemplo, desenvolveu modelos matemáticos probabilísticos que reduziram significativamente o tempo entre o diagnóstico e o início do tratamento para câncer de mama. Esses avanços exemplificam o potencial transformador da IA no setor de saúde.

Perspectivas e opiniões sobre o uso de IA na medicina

Apesar dos benefícios evidentes, especialistas enfatizam a importância de um uso responsável e ético da inteligência artificial na medicina. É essencial distinguir entre avanços reais e exageros na adoção de tecnologias emergentes. Dessa forma, podemos garantir que elas realmente agreguem valor aos cuidados de saúde e melhorem os resultados para os pacientes.