Na última sexta-feira (30), o governo federal divulgou o projeto de lei orçamentária anual de 2025, que apresenta uma previsão de dividendos de R$ 34 bilhões para todas as empresas estatais, indicando uma redução em relação ao ano anterior. Para a Petrobras, os analistas da XP destacam que o valor estimado para os dividendos, R$ 14,6 bilhões, reflete a participação direta do governo, que é de aproximadamente 28,7% da empresa. Este valor é baseado em premissas específicas, como um câmbio de R$ 5,19 por dólar e o preço do barril de Brent a US$ 81. A divulgação do PLOA gerou preocupações entre investidores sobre uma possível diminuição no fluxo de dividendos da Petrobras.

Os analistas da XP, Regis Cardoso e Helena Kelm, realizaram cálculos detalhados e projetam que a Petrobras deverá pagar cerca de US$ 10 bilhões em dividendos em 2025. Isso corresponde a um rendimento de dividendos de 10%, considerando apenas os dividendos ordinários pagos de acordo com a política de 45% do fluxo de caixa livre da empresa. Este rendimento é uma continuação do ritmo recente de distribuição de dividendos, o que sugere uma estabilidade na política de remuneração aos acionistas da Petrobras.

Além dos dividendos ordinários, a XP acredita que existe um potencial para a Petrobras distribuir dividendos extraordinários. Baseando-se na estimativa do fluxo de caixa livre para acionistas (FCFE) de US$ 16 bilhões, a XP sugere que a diferença de US$ 6 bilhões, que não está refletida nos dividendos ordinários, pode ser utilizada para pagar dividendos extraordinários. Com isso, o rendimento total de dividendos poderia aumentar para cerca de 16%, ampliando o retorno para os investidores e oferecendo um atrativo adicional para as ações da empresa.

Os analistas também discutem as premissas relacionadas ao preço do petróleo Brent. Apesar da recente queda do preço do barril para abaixo de US$ 80, há uma expectativa de recuperação, com uma média projetada de cerca de US$ 80/bbl. No entanto, essa perspectiva vem acompanhada de riscos associados à possível desaceleração da demanda global por petróleo, o que pode impactar negativamente a Petrobras devido à sua alta alavancagem em relação aos preços do petróleo. A volatilidade nos preços do Brent é um fator crítico para a sustentabilidade da política de dividendos da empresa.

A sensibilidade da Petrobras às variações no preço do petróleo é significativa. Para cada mudança de US$ 5/bbl no preço do Brent, a política de dividendos da empresa pode ser impactada em aproximadamente US$ 1,1 bilhão por ano, refletindo cerca de 1,2% de rendimento anual. A sensibilidade no fluxo de caixa livre para acionistas é ainda maior, com um impacto de cerca de US$ 2,5 bilhões, o que corresponde a 2,7% de yield. Além disso, o impacto no lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) é de cerca de US$ 3,7 bilhões, assumindo a manutenção da paridade diesel/gasolina.

Apesar das preocupações relacionadas ao preço do petróleo, os analistas da XP mantêm uma visão positiva sobre a Petrobras. Eles consideram que a avaliação da empresa continua atraente, especialmente para preços do Brent de US$ 70/bbl ou mais. A perspectiva de dividendos e a possível valorização das ações tornam a Petrobras uma opção interessante para investidores, oferecendo um retorno potencial significativo em um cenário de preços de petróleo estáveis ou em recuperação.

Julia Peres

Redatora do Melhor Investimento.