População que mora de aluguel bate recorde e chega a 46,5 milhões no Brasil
Em 2024, 46,5 milhões de brasileiros vivem de aluguel, o maior número desde 2016, representando 23% dos domicílios.

Em 2024, o número de brasileiros que moram de aluguel atingiu 46,5 milhões de pessoas, um recorde histórico desde o início da série histórica em 2016, segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Esse contingente representa 23% dos domicílios no país e 21,9% da população total, confirmando uma tendência de crescimento do aluguel nos últimos anos.
O aumento do aluguel reflete mudanças na dinâmica urbana, concentração de patrimônio e desafios na aquisição da casa própria, segundo especialistas do IBGE. A pesquisa utilizada para os números é a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), que traça o perfil socioeconômico da população brasileira.
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Crescimento do aluguel e queda dos domicílios próprios
O avanço do aluguel está intimamente ligado à redução da proporção de domicílios próprios. Em 2024, apenas 61,6% dos lares eram próprios e quitados, menor índice desde 2016, quando a taxa era de 66,8%. Já os imóveis em fase de pagamento permaneceram estáveis em 6% do total, mostrando pouca variação em relação aos últimos anos.
Segundo William Kratochwill, analista da pesquisa do IBGE, o aumento do aluguel evidencia uma falta de políticas públicas para facilitar a compra da casa própria. “Se não existem oportunidades para que a população adquira seu imóvel, as pessoas que buscam independência têm de optar pelo aluguel”, afirmou o pesquisador.
O total de brasileiros vivendo em lares próprios foi estimado em 146,2 milhões, representando uma queda de 2,9% em relação a 2016, quando 150,6 milhões de pessoas viviam em imóveis próprios. Esse dado indica que a tendência de crescimento do aluguel deve continuar nos próximos anos.
Diferenças regionais no mercado de aluguel
A pesquisa também revela disparidades regionais. A região Centro-Oeste registrou a maior proporção de moradores em aluguel, com 29,8% dos domicílios, reflexo da expansão do agronegócio e da migração de trabalhadores para áreas urbanas próximas a polos econômicos. Já a região Norte apresenta o menor percentual, com 15,3% dos lares alugados.
Esse cenário demonstra como fatores econômicos, sociais e de mobilidade impactam diretamente a decisão das famílias entre alugar ou comprar imóveis.
Apartamentos ganham espaço nas cidades brasileiras
Outra tendência apontada pelo IBGE é o crescimento da presença de apartamentos no mercado imobiliário. Em 2024, eles representaram 15,3% dos domicílios, superando a marca de 15% pela primeira vez na série histórica. Por outro lado, casas tradicionais continuam predominando, mas caíram para 84,5% do total, refletindo a concentração urbana e a escassez de terrenos disponíveis nas cidades.
Kratochwill explica que o aumento dos apartamentos está ligado a fatores como proximidade do trabalho, infraestrutura urbana, lazer e segurança. “A busca por maior proteção e conforto incentiva a construção de prédios em detrimento de casas”, afirmou o especialista.
Posse de bens cresce nos lares brasileiros
A Pnad Contínua também investigou a posse de bens nas residências. Entre 2016 e 2024, a presença de máquinas de lavar roupa aumentou de 63% para 70,4% dos lares, superando a posse de carros (48,8%) e motos (25,7%), mas ainda ficando abaixo da geladeira, presente em 98,3% das residências.
As diferenças regionais são significativas:
- Sul: 90% dos lares com máquina de lavar
- Sudeste: 82,3%
- Centro-Oeste: 81,5%
- Norte: 55,4%
- Nordeste: 40,5%, única região abaixo de 50%
O crescimento do acesso a eletrodomésticos reflete melhorias no poder aquisitivo das famílias e a busca por mais conforto no dia a dia.
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