A chegada de uma safra recorde promete aliviar a pressão sobre a inflação dos alimentos, mas especialistas alertam que o pior já pode ter ficado para trás. Apesar disso, não há uma solução mágica para o cenário de preços elevados, especialmente no setor agrícola. Em uma reunião marcada para esta quinta-feira (06), o governo brasileiro ouvirá empresários e especialistas sobre os próximos passos para lidar com os preços alimentares.

A inflação de alimentos no Brasil tem sido uma preocupação constante nos últimos anos. O aumento significativo nos preços foi impulsionado por uma série de fatores, incluindo crises hídricas, gestão econômica e efeitos colaterais da pandemia. No entanto, a situação parece ter atingido seu pico, e, com a chegada de uma safra recorde, espera-se que a pressão sobre os preços comece a diminuir.

De acordo com empresários do setor agrícola, a produção de alimentos neste ciclo será excepcional, o que deve trazer um alívio tanto para os produtores quanto para os consumidores. Porém, enquanto o pior cenário já passou, a inflação ainda precisa ser monitorada de perto, já que alguns produtos, como café e laranja, continuam com preços elevados.

A reunião do governo, marcada para esta quinta-feira, será um ponto importante na discussão sobre as medidas que podem ser tomadas para reduzir a trajetória da inflação dos alimentos. Os ministros da Agricultura, Carlos Fávaro, e do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, estarão presentes, junto com representantes do setor de alimentos, para avaliar as melhores soluções.

Ainda que muitos esperem que o governo tome decisões pontuais, os especialistas lembram que a intervenção direta não é a melhor estratégia para controlar a inflação. O cenário atual exige mais informações, debates e medidas que respeitem as dinâmicas de mercado para garantir a oferta e melhorar a competitividade.

A influência do cenário internacional

Além das questões internas, a guerra comercial iniciada pelo ex-presidente dos EUA, Donald Trump, também impacta o cenário econômico global. As tarifas impostas a países como China, México e Canadá abriram brechas para que o Brasil aumentasse suas exportações agrícolas. Essa oportunidade pode beneficiar os produtores brasileiros no curto prazo, mas, ao mesmo tempo, aumenta a pressão sobre os preços internos.

Apesar das oportunidades de exportação, especialistas não acreditam que o Brasil se beneficiará de forma permanente com a guerra comercial. A relação deteriorada entre as potências globais tende a prejudicar os países no longo prazo, criando incertezas no comércio internacional.