Investidores estão praticamente certos de que o Federal Reserve reduzirá a taxa de juros em 25 pontos-base na sua reunião de 17 e 18 de dezembro de 2024. Esse movimento reflete uma ação cuidadosa diante de uma economia em recuperação, com dados recentes mostrando uma inflação mais persistente do que o esperado e um mercado de trabalho ainda saudável. No entanto, os riscos globais e as incertezas econômicas podem influenciar as decisões do banco central dos Estados Unidos em 2025 e além, exigindo uma postura cautelosa.

O que esperar da reunião de dezembro?

Com a reunião do Federal Reserve se aproximando, o principal foco dos mercados será a decisão sobre a taxa de juros. A maioria dos analistas acredita que o Fed reduzirá a taxa de juros em 25 pontos-base em dezembro, seguindo a tendência de afrouxamento gradual que tem ocorrido ao longo do ano. No entanto, o que realmente chama a atenção são as novas projeções econômicas que serão divulgadas juntamente com a decisão, uma vez que essas estimativas podem fornecer um guia mais preciso sobre os planos do Fed para 2025 e 2026.

O mercado espera que essas projeções reflitam uma visão mais cautelosa sobre o futuro econômico, especialmente devido à persistente inflação e aos desafios globais. A expectativa é que o Fed adote uma postura “hawkish”, ou seja, mais agressiva na luta contra a inflação, sem comprometer-se a realizar novos cortes significativos de juros no futuro imediato.

A inflação e o mercado de trabalho em 2024

Inflação persistente continua sendo o maior desafio para o Federal Reserve. Embora o índice PCE — a medida de inflação preferida pelo Fed — tenha mostrado alguns sinais de desaceleração, especialmente no aumento dos custos com moradia, os dados recentes indicam que as pressões inflacionárias não desapareceram por completo. A inflação permanece acima da meta de 2%, o que torna difícil para o Fed reduzir os juros com a mesma velocidade com que os fez no passado. A próxima leitura do PCE, prevista para ser divulgada logo após a reunião de dezembro, será crucial para entender se o cenário de inflação está de fato se estabilizando.

Enquanto isso, o mercado de trabalho nos Estados Unidos continua forte, com a taxa de desemprego em 4,2%. Esse número, embora ligeiramente superior ao registrado nos últimos meses, ainda está abaixo da média histórica e sugere que o mercado de trabalho está próximo do pleno emprego. Isso significa que a economia está funcionando a todo vapor, o que, por sua vez, coloca mais pressão sobre o Fed para não afrouxar demais a política monetária.

Como a produtividade e os salários influenciam as decisões do Fed?

Uma das boas notícias que têm surgido nas últimas semanas é o aumento da produtividade do trabalhador americano. Isso tem ajudado a atenuar as pressões inflacionárias, uma vez que os aumentos salariais têm sido absorvidos, em parte, por melhorias na eficiência do trabalho. Os custos unitários de mão de obra, que são um indicador importante de pressões inflacionárias, têm aumentado a uma taxa mais moderada, o que sugere que a economia pode estar ajustando-se bem aos aumentos de produtividade sem sobrecarregar os preços.

Esse aspecto do mercado de trabalho é crucial para o Fed, pois ele oferece alguma flexibilidade. A inflação pode ser mais controlada sem a necessidade de sacrificar o crescimento econômico, o que torna a redução gradual da taxa de juros uma opção viável, mesmo que o banco central ainda se preocupe com os riscos de inflação no longo prazo.

Os desafios geopolíticos e o cenário global

Outro fator importante a ser considerado pelo Fed ao tomar sua decisão de política monetária é o cenário geopolítico e os riscos globais. Com as tensões comerciais e geopolíticas aumentando, o Fed também tem que levar em conta o impacto de eventos internacionais nas suas projeções econômicas. O resultado das eleições nos Estados Unidos e as mudanças nas políticas comerciais podem alterar significativamente o cenário global, afetando o comércio e a imigração, o que, por sua vez, pode influenciar o mercado de trabalho e os preços.