A Eletrobras, uma das maiores empresas de energia elétrica do Brasil, enfrenta uma greve que afeta 80% de seus funcionários, o que levanta preocupações sobre os riscos operacionais e os possíveis impactos nas ações da companhia. Com a necessidade de ajuste nos custos com pessoal após o processo de desestatização realizado há dois anos, a empresa tem encontrado resistência por parte de seus trabalhadores.

Impactos da greve nas operações da Eletrobras

A greve dos funcionários da Eletrobras (ELET3; ELET6) está gerando preocupações significativas sobre os riscos operacionais. Embora a maioria dos trabalhadores esteja em paralisação, os operadores continuam a trabalhar em plantões dobrados de 24 horas, o que, segundo a Levante Investimentos, aumenta o risco de falhas e incidentes operacionais. A situação é ainda mais crítica nas subsidiárias, como Furnas, Eletrosul, Eletronorte e Chesf, onde a greve é amplamente apoiada. 

Motivos da greve na Eletrobras

A principal razão para a greve é a insatisfação com a proposta de reajuste salarial apresentada pela Eletrobras. Inicialmente, a empresa propôs cortes de 12,5% a 10% para salários abaixo de R$ 16 mil. Após negociações, a proposta foi ajustada para que os cortes afetassem apenas aqueles com salários acima desse valor. Além disso, a Eletrobras propôs congelar parte dos salários até 2026, oferecendo reajustes apenas para quem ganha abaixo de R$ 6 mil, além de um abono salarial em 2024 e 2025. Esta situação gerou grande descontentamento entre os funcionários, resultando na atual paralisação.

Apesar da gravidade da situação, a Eletrobras se recusa a participar de uma mediação no Tribunal Superior do Trabalho (TST) para resolver a greve. A empresa acredita que a greve não deve comprometer materialmente suas operações de geração e transmissão, mas se os riscos operacionais aumentarem significativamente, a companhia poderá ser forçada a buscar um acordo para trazer as partes de volta à mesa de negociação.

A greve não se limita a uma única subsidiária. Na Eletronorte, por exemplo, 10 das 11 bases estão em greve. Na Chesf, a sede em Recife também suspenderá as atividades a partir de sexta-feira, 14 de junho. A paralisação conta com o apoio dos funcionários da Eletrobras Holding e da Eletropar, demonstrando a amplitude e a seriedade da insatisfação dos trabalhadores com a atual proposta de reajuste salarial da empresa.

Consequências a curto prazo

Segundo a Levante Investimentos, desde que a operação de disponibilidade das linhas de transmissão e a operação das hidrelétricas não sejam materialmente afetadas pela greve, os efeitos negativos nos resultados da Eletrobras a curto prazo devem ser mínimos. A remuneração dos ativos de transmissão é baseada na disponibilidade das linhas, enquanto as receitas com geração das hidrelétricas estão diretamente ligadas à venda de energia nos mercados regulado e livre.

Venda de portfólio termelétrico

Em um movimento estratégico recente, a Eletrobras anunciou a venda de seu portfólio termelétrico para a 3G Radar por R$ 4,7 bilhões. Esta venda foi vista de forma positiva por diversas casas de investimento, que reforçaram a recomendação de compra para as ações da companhia. A venda do portfólio termelétrico é uma medida importante para reduzir a percepção de risco, especialmente no caso de Amazonas Energia, e demonstra o compromisso da Eletrobras em otimizar suas operações.

Para tentar amenizar os efeitos da greve e oferecer uma alternativa aos funcionários, a Eletrobras propôs que, caso um funcionário seja demitido sem justa causa até abril de 2025, ele receberá as verbas rescisórias normais mais um valor correspondente ao tempo até essa data. Esta medida visa proporcionar uma segurança adicional aos trabalhadores durante este período de ajustes e mudanças na empresa.

Julia Peres

Redatora do Melhor Investimento.