O Tesouro Nacional divulgou um déficit primário de R$ 39,389 bilhões em novembro para o governo central, resultado influenciado por despesas crescentes e perdas na arrecadação de tributos ligados ao desempenho das empresas. Este valor ficou acima da projeção de analistas, que esperavam um saldo negativo de R$ 35,5 bilhões, conforme pesquisa da Reuters.

Em termos corrigidos pela inflação, o déficit de novembro foi o segundo pior para o mês desde o início da série histórica do Tesouro em 1997, sendo melhor apenas que o déficit de R$ 54,415 bilhões registrado em novembro de 2016.

No mês, as despesas totais do governo aumentaram 20,0% acima da inflação, em comparação com o mesmo período de 2022. Esse ritmo foi significativamente mais rápido do que a alta de 4,2% na receita líquida, que desconsidera as transferências a Estados e municípios.

Impacto nas receitas e despesas: detalhamento de novembro

As receitas do governo foram prejudicadas por recuos na arrecadação do Imposto de Renda, que caiu R$ 3,7 bilhões em relação a novembro de 2022, e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), com uma baixa de R$ 2,8 bilhões. Do lado das despesas, destacou-se o aumento de R$ 11,3 bilhões em apoio financeiro a Estados e municípios, além de R$ 9,8 bilhões relacionados ao aumento do custo do programa Bolsa Família.

Acumulado do ano: déficit em crescimento

Nos primeiros onze meses do ano, as contas federais registraram um déficit de R$ 114,631 bilhões, em comparação com um superávit de R$ 49,658 bilhões no mesmo período de 2022.

Em coletiva para comentar os resultados, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, previu que o governo central fechará 2023 com um déficit primário acumulado em 12 meses de aproximadamente R$ 125 bilhões. Ele destacou que a tendência é que o resultado mensal de dezembro fique próximo a um rombo de R$ 10 bilhões. Ceron explicou que esse déficit acumulado do ano, se confirmado, representará cerca de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB), um patamar mais elevado devido ao impacto da aprovação de uma lei que ampliou os repasses do governo federal a Estados e municípios.

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