China busca recuperar a economia e retomar protagonismo nos mercados globais
O governo da China anunciou um pacote de estímulos econômicos que surpreendeu analistas pela magnitude e inovação das medidas. Esses esforços visam alavancar a economia do país, que tem enfrentado uma recuperação mais lenta do que outras nações desde o fim dos lockdowns impostos pela pandemia. À medida que o mundo observa, a China se […]
O governo da China anunciou um pacote de estímulos econômicos que surpreendeu analistas pela magnitude e inovação das medidas. Esses esforços visam alavancar a economia do país, que tem enfrentado uma recuperação mais lenta do que outras nações desde o fim dos lockdowns impostos pela pandemia. À medida que o mundo observa, a China se esforça para retomar seu protagonismo nos mercados globais.
Em um movimento coordenado, o governo chinês anunciou a implementação de fortes estímulos econômicos. Entre as medidas destacadas estão linhas de crédito subsidiadas para que empresas possam realizar a recompra de ações, bem como cortes na taxa de juros de refinanciamentos imobiliários. Essas iniciativas são vistas como um esforço para revitalizar o consumo e a confiança no mercado, áreas que têm se mostrado resilientes, mas aquém do esperado.
Paulo Gitz, estrategista global da XP, comentou que “o governo chinês conseguiu entregar uma ação coordenada e estímulos numa magnitude maior que a esperada, com medidas de suporte ao mercado de ações”. Isso marca uma mudança significativa na abordagem do governo, que nos últimos anos havia adotado uma postura mais intervencionista, especialmente após a deterioração da relação com o setor privado.
Desde o início da pandemia, a China se viu em uma situação econômica desafiadora. O rigor dos lockdowns impactou o consumo, que não se recuperou nos mesmos patamares vistos em países como os Estados Unidos. Enquanto outras economias tiveram um “rebote” no consumo, o consumidor chinês permanece cauteloso, refletindo as severas restrições e a falta de estímulos suficientes.
A recente decisão do Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos de iniciar um ciclo de afrouxamento monetário também desempenhou um papel crucial no timing do anúncio dos estímulos pela China. A expectativa é que a redução das taxas de juros nos EUA diminua a pressão sobre o yuan, tornando as iniciativas chinesas mais atraentes para investidores globais.
A implementação das medidas é estratégica e abrange diferentes setores da economia. A linha de crédito subsidiada para a recompra de ações permite que empresas levantem capital de forma mais eficiente, potencialmente aumentando a confiança dos investidores no mercado de ações chinês. Além disso, a possibilidade de emitir títulos soberanos especiais no valor de aproximadamente 2 trilhões de yuans (cerca de US$ 284 bilhões) este ano foi uma das novidades discutidas na reunião do Politburo, o comitê central do Partido Comunista Chinês.
Essas ações têm como objetivo não apenas estabilizar o mercado de ações, mas também reverter a retração no setor imobiliário, que tem sido um dos principais pilares da economia chinesa. Com a recente queda nos preços dos imóveis, muitos cidadãos enfrentam uma sensação de perda de poder de compra, exacerbando a dificuldade de consumo.
Essas medidas são essenciais para a recuperação econômica da China, especialmente em um momento em que a relação entre o governo e o setor privado está se reconstruindo. Gitz ressalta que “o governo está realmente mudando a postura com o setor privado e ouvindo mais as empresas”. Essa mudança é crucial para restaurar a confiança dos investidores e estimular um ambiente econômico mais favorável.
Além disso, o suporte ao mercado de capitais e a ajuda a empresas em dificuldades demonstram uma abordagem mais abrangente para enfrentar os desafios econômicos atuais. Ao fomentar um ambiente de negócios mais saudável, a China pode não apenas estimular o crescimento interno, mas também reforçar sua posição nos mercados globais.
Com os anúncios recentes, as expectativas em relação à economia chinesa mudaram. A XP mantém uma perspectiva positiva para o mercado, considerando que ainda há espaço para valorização, especialmente em ações de grandes empresas como Alibaba e PDD, que continuam a ser recomendadas para investimento.