CEO da Amazon Web Services (AWS) defende retorno ao escritório: “Saia se não quiser voltar ao presencial”
O CEO da AWS, Matt Garman, defendeu a nova política de retorno ao escritório cinco dias por semana, que entra em vigor em janeiro de 2024.

A Amazon Web Services (AWS), divisão de computação em nuvem da Amazon, enfrenta controvérsias após seu CEO, Matt Garman, defender enfaticamente a nova política de retorno ao presencial cinco dias por semana. Em uma reunião recente com os funcionários, Garman afirmou que aqueles que não concordarem com a medida podem procurar outra empresa para trabalhar. O novo modelo de trabalho presencial entrará em vigor em janeiro de 2024 e tem gerado debates intensos tanto dentro quanto fora da empresa.
Pressão pelo retorno ao presencial na AWS
O CEO da AWS argumenta que a inovação e a colaboração, pilares fundamentais para o sucesso da Amazon, só podem ser plenamente alcançadas com a presença física dos funcionários no escritório. Garman enfatizou que, para a empresa atingir suas metas e manter sua cultura organizacional, é essencial que os colaboradores estejam juntos no mesmo ambiente. Ele mencionou que, apesar de nove em cada dez funcionários com quem conversou apoiarem a mudança, aqueles que não se adaptarem a essa nova realidade devem considerar outras oportunidades.
Garman também explicou que não vê o pedido de demissão como algo negativo, mas como uma opção para quem prefere o modelo de trabalho remoto. “Há muitas empresas que ainda adotam o trabalho híbrido ou remoto, então, para quem se sente desconfortável com essa mudança, é totalmente aceitável buscar essas alternativas”, comentou.
Comparação com outras gigantes da tecnologia
Enquanto a Amazon opta por uma postura mais rígida, várias outras grandes empresas do setor de tecnologia, como Google, Meta e Microsoft, seguem políticas mais flexíveis, permitindo que os funcionários trabalhem de dois a três dias por semana no escritório. Essa abordagem flexível reflete as tendências observadas desde a pandemia de COVID-19, quando muitas empresas adotaram modelos híbridos como uma solução permanente para equilibrar a produtividade e o bem-estar dos funcionários.
No entanto, a Amazon, a segunda maior empregadora privada do mundo, com mais de 1,5 milhão de funcionários globalmente, vê o retorno ao escritório como crucial para manter sua competitividade e cultura organizacional. O CEO da Amazon, Andy Jassy, já havia comentado no mês passado que a presença física no escritório é essencial para “inovar, colaborar e estar conectado”.
Inovação e cultura empresarial em debate
Para a Amazon, a cultura organizacional desempenha um papel vital em seu crescimento e sucesso. Matt Garman destacou que princípios de liderança fundamentais, como o “discorde e se comprometa”, são difíceis de implementar em um ambiente totalmente remoto. Esse princípio, que incentiva os funcionários a expressarem suas opiniões, mas a seguirem as decisões tomadas pela liderança, exige um nível de interação que, segundo Garman, não é alcançado em chamadas de vídeo ou plataformas de mensagens.
“Eu ainda não vi como podemos inovar com eficiência sem estarmos todos no mesmo ambiente”, afirmou Garman, referindo-se ao desenvolvimento de novos produtos. Ele defendeu que a inovação verdadeira e significativa surge da interação presencial, algo que a comunicação virtual não substitui.
A política anterior da empresa exigia que os funcionários estivessem no escritório três dias por semana, mas o CEO da AWS observou que esse modelo não era suficiente para atingir os objetivos da empresa. “Três dias por semana simplesmente não são suficientes para internalizar os princípios de liderança da Amazon”, explicou. “Você precisa vivenciá-los diariamente, e isso é possível apenas estando fisicamente presente.”
Repercussão entre os funcionários
A nova política gerou insatisfação entre muitos funcionários da Amazon, que expressaram suas frustrações nas redes sociais. Eles argumentam que o deslocamento diário é um desperdício de tempo e que os benefícios do trabalho no escritório não foram comprovados por estudos independentes. Além disso, alguns funcionários que não estavam cumprindo a política de três dias semanais anteriormente já tiveram seus acessos aos sistemas da empresa bloqueados, o que foi interpretado como um desligamento voluntário.