A Brown-Forman, fabricante do uísque Jack Daniel’s, anunciou recentemente que vai descontinuar alguns de seus programas de diversidade, equidade e inclusão (DEI), em resposta à crescente pressão de grupos conservadores.

A empresa informou aos funcionários, por meio de uma carta, que não mais vinculará a compensação dos executivos ao progresso nas metas de DEI e que deixará de participar de um ranking anual de empresas inclusivas para funcionários LGBTQ. 

Além disso, Brown-Forman também abandonará planos de expandir sua rede de fornecedores de origens minoritárias.

Esse movimento ocorre em meio a mudanças no cenário legal e social desde que a empresa implementou sua estratégia de diversidade em 2019. Segundo o comunicado, a adaptação das iniciativas é necessária para que a companhia continue a gerar resultados comerciais, considerando o ambiente atual.

O ativista Robby Starbuck, conhecido por suas campanhas contra iniciativas DEI, foi um dos críticos mais ativos e chegou a compartilhar a carta da Brown-Forman em suas redes sociais. Ele pressionou publicamente outras empresas, como Harley-Davidson e Deere, que também anunciaram mudanças semelhantes.

Por sua vez, Eric Bloem, vice-presidente da Human Rights Campaign (HRC), criticou a decisão da Brown-Forman e de outras empresas que estão abandonando seus programas de diversidade, equidade e inclusão (DEI). 

Ele classificou essas mudanças como “decisões de curto-prazismo”, afirmando que a retirada apressada desses esforços, que buscam criar ambientes de trabalho justos e inclusivos para pessoas LGBTQ+, é uma resposta equivocada à pressão de grupos conservadores, como os apoiadores do movimento MAGA, ligados a Donald Trump.

Bloem destacou que muitas empresas promovem suas posições nos rankings de inclusão, como o índice de igualdade corporativa da HRC, que avalia benefícios para funcionários LGBTQ+. A Brown-Forman, por exemplo, tinha uma pontuação perfeita de 100 nesse índice antes de abandonar seus compromissos com essas metas.

Apesar de algumas empresas enfrentarem críticas por reduzir seus esforços de inclusão, muitas ainda mantêm apoio a esses programas. Um estudo do Washington Post-Ipsos mostrou que 61% dos adultos veem os programas de DEI no local de trabalho como algo positivo, embora a maioria dos entrevistados defenda que as empresas evitem se posicionar sobre eventos atuais.

A decisão da Brown-Forman reflete um dilema enfrentado por muitas corporações que tentam equilibrar as demandas por diversidade e inclusão com as críticas de setores que se opõem a essas políticas.

Harley e Deere também diminuiram as iniciativas

A fabricante de motocicletas Harley-Davidson anunciou na última segunda-feira que não seguirá mais com metas de gastos voltados para fornecedores de propriedade de minorias e também abandonará treinamentos sociais direcionados a seus funcionários, tomando medidas para se afastar dos programas de diversidade, equidade e inclusão (DEI). 

A empresa encerrou sua função corporativa de DEI em abril, conforme comunicado na plataforma X (antigo Twitter), e também decidiu sair do programa de igualdade corporativa da Human Rights Campaign (HRC).

Outras empresas seguiram a mesma direção, como, por exemplo, a fabricante de tratores Deere e a varejista de produtos agrícolas Tractor Supply. Ambas também reduziram seus programas de DEI após críticas do ativista conservador Robby Starbuck. 

Em julho, a Deere anunciou que não participaria mais de “desfiles de conscientização cultural” e que seus grupos de recursos internos passariam a focar apenas no desenvolvimento profissional, networking, mentoria e recrutamento de talentos.