Tem adulto empurrando carrinho com boneca de silicone! Trata-se dos bebês reborn, uma nova febre na internet, despertando opiniões diversas e acaloradas. Embora pareça um nicho restrito, a indústria vem crescendo no Brasil e no mundo, atraindo olhares de colecionadores, curiosos e empreendedores.

Mas de onde surgiu essa história? Quanto realmente lucram as fábricas de bebês reborn? O que explica o alto custo dessas bonecas? E por que o setor começa a chamar a atenção de parlamentares?

Descubra a seguir!

Qual é a origem dos bebês reborn?

A origem dos bebês reborn é incerta, mas os primeiros “protótipos” estão ligados à Segunda Guerra Mundial, quando mães inglesas reformavam bonecas antigas para presentear suas filhas diante da escassez de brinquedos.

Esse processo artesanal garantia que as crianças tivessem brinquedos renovados mesmo em tempos difíceis. A prática evoluiu ao longo das décadas e, nos anos 1990, artistas nos Estados Unidos passaram a transformar bonecas comuns em réplicas hiper-realistas de recém-nascidos, aplicando técnicas como pintura em camadas e implantação de cabelos fio a fio.

Popularização e influência das redes sociais

No Brasil, os bebês reborn começaram a ganhar destaque nos anos 2000, impulsionados por artesãs e artistas plásticos que viram na técnica uma forma de expressão artística e um novo nicho de mercado.

Recentemente, a popularização dos bebês reborn também foi impulsionada pelas redes sociais. Plataformas como TikTok, Instagram e YouTube se tornaram vitrines para artistas e colecionadores compartilharem suas criações e experiências.

Vídeos de simulações de parto, rotinas de cuidados e encontros de colecionadores viralizaram, atraindo um público diversificado e ampliando o alcance do mercado.

Vídeo: Reprodução JP

Principais empresas produtoras

O mercado de bebês reborn é composto principalmente por uma variedade de artistas independentes e algumas empresas especializadas. No Brasil, destacam-se as seguintes empresas:

  • Silvia Creations
  • Ateliê Boneca Real
  • Reborn Sweet Angels
  • Arte Reborn Brasil.

Internacionalmente, empresas como McPherson’s Arts & Crafts e Irresistables dominam o fornecimento de kits e moldes originais para artistas reborn.

Quanto custa um bebê reborn?

O valor de um bebê reborn varia de acordo com o nível de realismo, materiais utilizados, quantidade de detalhes e a reputação do artista ou empresa fabricante.

No Brasil, em uma pesquisa rápida, os preços partem de R$ 300 para modelos mais simples e podem ultrapassar R$ 5 mil para versões com acabamentos sofisticados, cabelos implantados fio a fio, pintura em camadas e estrutura de silicone.

Bebê Reborn: Quanto Lucram as Fábricas de Bonecos Realistas?
Fonte: Reprodução Google

No mercado internacional, valores acima de US$ 1.000 não são incomuns.

Por que bebês reborn são caros?

O alto custo tem justificativa. Diferente das bonecas convencionais de linha industrial, os bebês reborn são peças feitas à mão, com processos artesanais que envolvem escultura, pintura em várias camadas, aplicação de cabelos naturais e até implantes de peso para simular o peso de um recém-nascido. Além disso, os materiais – como vinil alemão e silicone médico – encarecem a produção. Uma boneca pode levar até 40 horas para ficar pronta.

Outro fator relevante é o apelo emocional: muitas pessoas adquirem essas bonecas como forma de lidar com traumas, luto ou fertilidade. Esse vínculo afetivo eleva a percepção de valor.

Bebê Reborn e o SUS

Um projeto de lei apresentado na Assembleia Legislativa de Minas Gerais pretende proibir que bonecos hiper‑realistas, conhecidos como bebês reborn, sejam levados para atendimento em unidades do Sistema Único de Saúde (SUS).

A proposta, de autoria do deputado estadual Cristiano Caporezzo (PL), estipula multa de até dez vezes o valor do serviço médico prestado a quem tentar obter atendimento para os bonecos nas redes públicas do estado.

Caporezzo justifica a iniciativa como tentativa de conter o que chamou de “distopia generalizada” e preservar o bom funcionamento do sistema de saúde. O projeto foi protocolado na primeira semana de maio de 2025 e agora segue para análise nas comissões da Assembleia.

A proposta ganhou atenção nacional após o relato de um caso em que uma mulher buscou atendimento médico alegando que seu bebê reborn apresentava febre. Para Caporezzo, esse episódio mostra que o vínculo emocional com um boneco hiper‑realista pode extrapolar a realidade e gerar demanda indevida de recursos públicos essenciais.

Se aprovado, o texto prevê que as multas revertam para o tratamento de pessoas com transtornos mentais no sistema estadual de saúde e ressalta a necessidade de evitar sobrecargas em unidades já no limite da capacidade, especialmente em áreas carentes.

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Análise psicológica acerca dos bebês reborn

Especialistas em saúde mental apontam que o apego a bebês reborn envolve mecanismos semelhantes aos observados em terapias de boneco. Para o psiquiatra Raj Persaud, o cuidado com essas bonecas libera ocitocina — o “hormônio do vínculo” — contribuindo para alívio da ansiedade e sensação de propósito.

Do ponto de vista da Teoria do Apego, psicólogos veem nos reborns um “objeto transicional” capaz de preencher lacunas emocionais, especialmente em situações de luto perinatal ou síndrome do ninho vazio.

Por outro lado, profissionais alertam que a dependência excessiva ao reborn, quando substitui totalmente laços humanos, pode sinalizar incapacidade de elaborar o processo de luto.

Gail Saltz, psiquiatra do New York Presbyterian Hospital, defende o uso terapêutico dos reborns como ferramenta intermediária para pais enlutados ou pessoas que não desejam assumir a responsabilidade de um filho real, desde que haja acompanhamento psicológico para evitar obsessões.

Essas visões mostram que, apesar do estigma social, os bebês reborn podem sim oferecer suporte emocional, desde que inseridos em um contexto terapêutico.

Quanto fatura a indústria de bebês reborn?

Apesar da ausência de dados oficiais no Brasil, estimativas de mercado apontam que o segmento movimenta mais de R$ 50 milhões por ano apenas no e-commerce nacional. Plataformas como Shopee, Elo7, Mercado Livre e lojas especializadas online sustentam uma cadeia que vai de artistas independentes a fábricas organizadas.

Nos Estados Unidos e Europa, o mercado é ainda mais robusto. Estimativas apontam faturamento anual superior a US$ 20 milhões, com destaque para eventos como as feiras internacionais de bonecas realistas, onde protótipos são leiloados por cifras de cinco dígitos.

Oportunidade de negócio

Para quem busca empreender, o setor de bebês reborn oferece alto valor agregado e fidelização de clientes. Além da venda das bonecas, há oportunidades em acessórios, roupas personalizadas, serviços de manutenção e customização.

Artistas iniciantes investem cerca de R$ 2 mil em kits e materiais para produzir seus primeiros modelos e, ao vender cada peça por valores que variam entre R$ 1.200 e R$ 3.500, obtêm margens consideráveis.

Empresas que estruturam ateliês e canais próprios de venda já relatam faturamentos mensais de R$ 20 mil a R$ 60 mil, com crescimento acelerado por meio de redes sociais e marketplaces.

E você? está interessado em entrar nessa indústria polêmica e explorar todo o seu potencial lucrativo?

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Pedro Gomes

Jornalista formado pela UniCarioca, com experiência em esportes, mercado imobiliário e edtechs. Desde 2023, integra a equipe do Melhor Investimento.