Em meio aos distintos produtos de Renda Fixa, a Letra de Câmbio (LC) desponta como uma opção atrativa para quem busca diversificar seus investimentos sem abrir mão da segurança.

Para investidores avessos a riscos associados ao patrimônio, LC representa uma alternativa viável para a diversificação de portfólio, oferecendo rentabilidades específicas. Também conhecidas como “CDBs das financeiras”, este título funciona de forma semelhante a outros investimentos em renda fixa, amplamente reconhecidos pelo público, a exemplo da LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e do CDB (Certificado de Depósito Bancário).

Frequentemente, aqueles que buscam segurança e previsibilidade nos ganhos optam pela poupança como forma de investimento. No entanto, é sabido que a caderneta nem sempre oferece retornos satisfatórios. Nesse sentido, as LCs, juntamente com outros investimentos em renda fixa, podem ser uma opção vantajosa, combinando segurança com a possibilidade de obter uma boa rentabilidade, geralmente superior à poupança.

Dito isso, continue acompanhando este guia elaborado pelo Melhor Investimento, e descubra como estudar e selecionar uma LC compatível com sua disponibilidade financeira e objetivos de investimento. Boa leitura!

O que é LC – Letra de Câmbio?

A Letra de Câmbio, conhecida pela sigla LC, é uma modalidade de investimento em Renda Fixa utilizada pelas financeiras. Esse é o detalhe que as diferenciam dos CDBs, que são emitidos por bancos. O objetivo dessa aplicação é captar recursos no mercado para emprestar aos seus clientes.

Por não terem a mesma força que os grandes bancos possuem, as financeiras podem dar a falsa impressão de saírem na desvantagem. Porém, elas usam isso ao seu favor, ou seja, transformam a oferta de juros mais atrativas aos clientes, que, na maioria das vezes, superam a remuneração oferecida pelos bancos aos investidores que aplicam em CDB.

Fugindo ao padrão dos demais investimentos em renda fixa, as letras de câmbio geralmente não apresentam liquidez diária e o vencimento fica entre 2 ou 3 anos. Portanto, são aplicações indicadas a investidores que procuram rendimentos a longo prazo.

O processo de investimento em LC é simples. No momento em que o investidor adquire uma letra de câmbio, ele está emprestando dinheiro para a companhia emissora do título. E em troca, ele recebe o valor corrigido por juros. A rentabilidade acontece dentro de um prazo estipulado na hora da compra da LC. Vale ressaltar que o valor mínimo de aporte para essa modalidade de investimento varia de acordo com cada financeira.

Principais tipos de LC

O rendimento da Letra de Câmbio está atrelado ao modelo escolhido pelo investidor. São três os mais comuns:

LC Prefixada

Nessa modalidade de aplicação é permitido que os investidores calculem a remuneração que receberão no vencimento da Letra de Câmbio. Para isso, é importante que o comprador do título esteja bem ambientado ao momento econômico do país, já que as oscilações da inflação e da taxa Selic podem influenciar na rentabilidade da LC pós-fixada. Então a atenção a esses índices é fundamental para que o investidor faça um bom negócio.

LC Pós-Fixada

Esse é o modelo mais comum desse tipo de aplicação. A LC pós-fixada permite que o investidor saiba qual será o indicador de referência para calcular a rentabilidade do papel no momento do investimento. Porém não existe a certeza do retorno da aplicação, porque o valor pode apresentar variação de acordo com o índice, que normalmente é o CDI – principal índice de referência da renda fixa.

LC Híbrida

Como o nome já sugere, essa LC é uma mistura da prefixada com a pós-fixada. Ou seja, ele corrige um índice, como o IPCA e ainda adiciona um rendimento fixo. Em outras palavras, existe uma parcela pós-fixada a um indexador, e uma parcela prefixada no contrato.

Como funciona a LC – Letra de Câmbio?

Para entender com completude o funcionamento das LCs, é necessário observar alguns aspectos que caracterizam esse tipo de investimento. Confira quais são:

Garantia da Letra de Câmbio

A Letra de Câmbio dispõe da proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) que garante, em casos de falência ou fechamento da financeira, a recuperação de até R$250 mil em depósitos ou créditos. Isso representa uma segurança nas aplicações dos investidores em casos extremos.

Tributação e impostos

Assim como os demais investimentos em renda fixa, a Letra de Câmbio apresenta alguns tributos atrelados aos seus rendimentos. O primeiro é o Imposto de Renda (IR) que vai apresentar uma variação de acordo com o tempo que o investimento ficará aplicado. O IR é cobrado no rendimento final, na hora do seu resgate. Observe a tabela a seguir:

Prazo de AplicaçãoAlíquota
Até 180 dias22,5%
De 181 dias até 360 dias20%
De 361 dias até 720 dias17,5%
Acima de 720 dias15%

Outro tributo vinculado a LC é o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) que incide sobre o rendimento que é resgatado antes do investimento completar 30 dias. Montamos uma tabela com o IOF aplicado durante cada dia desse período.

Dias corridosIOFDias corridosIOFDias corridosIOF
196%1163%2130%
293%1260%2226%
390%1356%2323%
486%1453%2420%
583%1550%2516%
680%1646%2613%
776%1743%2710%
873%1840%286%
970%1936%293%
1066%2033%300%

Valor mínimo para investir

Este aspecto talvez represente um dos principais motivos pela menor popularidade das LCs, quando comparadas à outros investimentos em renda fixa, como CDB e títulos públicos negociados no Tesouro Direto, por exemplo. Geralmente, Geralmente, é necessário um aporte inicial mais elevado em comparação com as alternativas supracitadas.

Apesar de não existir um valor padronizado no mercado, é possível ter uma ideia do investimento mínimo exigido para as LCs. Algumas instituições solicitam um aporte inicial de R$ 1.000, enquanto em outras oportunidades do mercado esse valor pode ser até dez vezes maior, alcançando cifras de até R$ 10.000.

Rentabilidade

Instituições financeiras, que emitem as LCs, frequentemente enfrentam mais dificuldade para captar recursos do que os bancos, mesmo os de médio porte. Em razão disso, geralmente oferecem uma taxa de retorno um pouco mais alta que o mercado de renda fixa costuma oferecer, pelo menos quando colocamos em comparação com os famigerados CDBs.

Ainda sim, é importante lembrar que a rentabilidade irá depender do tipo de Letras de Câmbio escolhida (prefixada, pós-fixada ou híbrida). A maioria das LCs tende a render próximo aos 100% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), independentemente de serem pós-fixadas (com o rendimento atrelado a uma taxa que varia) ou pré-fixadas (com o rendimento determinado antecipadamente).

Com a LC híbrida, ainda pode haver a combinação de uma taxa fixa com um índice de inflação, como o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Por exemplo, uma LC híbrida pode oferecer um rendimento de 107% do CDI mais a variação do IPCA, ou uma taxa fixa de 3,5% mais a variação do IPCA.

Quem pode emitir

As Letras de Câmbio são emitidos por entidades autorizadas e supervisionadas por órgãos reguladores. Sua emissão costuma ser realizada por instituições financeiras, como sociedades de crédito, financiamento e investimento.

Tais instituições fazem parte do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e são reguladas pelo Banco Central e pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Em suma, qualquer pessoa pode contatar as instituições credenciadas para investir em LCs, todavia, é importante ressaltar que o investidor deve atender ao requisito do aporte mínimo e considerar a necessidade de manter os recursos aplicados até o vencimento, sem a necessidade de resgate antecipado.

Prazo do investimento

A LC é mais reconhecida como um investimento de médio e longo prazo. Não um padrão de carência no mercado, entretanto, eles costumam ser longos, podendo durar de 2 a 3 anos.

Dito isso, é importante reforçar o aspecto destacado no tópico anterior: é amplamente recomendado que antes do aporte, o investidor não terá a necessidade de resgate antecipado, no curto prazo. Em virtude disso, o investimento não é recomendado para quem deseja constituir uma reserva emergencial.

Quais as vantagens de investir em Letra de Câmbio

Dentre os apectos que podem tornar as LCs em um investimento atrativo cabe destacar:

  1. Segurança: as LCs são garantidas pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) em até R$ 250 mil por CPF, proporcionando uma garantia ao investidor, caso a financeira quebre ou feche;
  2. Diversificação: Permitem diversificar o portfólio de investimentos, reduzindo os riscos associados a uma única classe de ativos;
  3. Rentabilidade: além de ser mais rentável que a poupança, existe a possibilidade de saber exatamente quanto irá render no ato da aplicação (prefixada), ou ter rendimentos próximos aos 100% do CDI (pós-fixada). Ainda se pode optar pela combinação das duas modalidades.

Quais os riscos de investir em Letra de Câmbio?

Em suma, os riscos da LC estão ligadas ao aspecto que representa, para muitos, sua principal desvantagem. No caso, a ausência da liquidez diária, ou seja, em casos de emergências, não será possível antecipar o resgate do recurso investido, visto que é necessário aguardar o vencimento do título.

Quando o investidor necessita dos recursos aplicados de forma imediata, a única alternativa será tentar vender o título para ter acesso ao dinheiro. Contudo, é comum não encontrar alguém interessado em fazer esta aquisição, fora que vendas antecipadas podem sacrificar a rentabilidade.

Portanto, é indispensável uma atenção redobrada antes de investir. Caso você queira constituir uma reserva de emergência, é mais aconselhável investir em CDBs, títulos públicos, entre outros investimentos que oferecem liquidez diária.

Como investir?

O investidor que escolhe aplicar em Letras de Câmbio precisa seguir algumas etapas. Elas são:

  1. O primeiro passo é abrir uma conta em uma financeira;
  2. Depois, o investidor deve transferir o capital a ser aplicado em LC do banco para a financeira;
  3. Agora é hora de escolher o tipo de LC que mais se adequa ao seu perfil e objetivo como investidor;
  4. Finalizada todas as etapas, é o momento de esperar o seu dinheiro render.
Equipe MI

Equipe de redatores do portal Melhor Investimento.