A Volkswagen anunciou uma nova redução em sua previsão de lucro, refletindo a crescente preocupação com a queda na demanda por veículos. A montadora alemã agora prevê uma margem operacional de 5,6%, uma queda em relação à previsão anterior de até 7% divulgada em julho. Essa situação coloca a fabricante diante de desafios significativos, especialmente em um cenário onde as vendas estão desacelerando.

A decisão da Volkswagen de ajustar suas expectativas de lucro foi divulgada na última sexta-feira (27). O corte vem em meio a um ambiente econômico desafiador, marcado pela diminuição da demanda e uma concorrência acirrada, especialmente no setor de veículos elétricos. O alerta se torna ainda mais relevante considerando o histórico recente de cortes em previsões de lucro entre as principais montadoras alemãs, como Mercedes-Benz e BMW.

Além da queda nas vendas, especialmente na China, onde os compradores hesitam devido a uma crise imobiliária profunda, a Volkswagen enfrenta um aumento na concorrência, que leva a grandes descontos e reduz as margens de lucro. Essa combinação de fatores resulta em um fluxo de caixa líquido na divisão automotiva que deve ser inferior à metade do que a empresa havia projetado anteriormente, agora estimado em cerca de € 2 bilhões (R$ 12 bilhões), em comparação aos € 4,5 bilhões inicialmente esperados.

Em seu comunicado, a Volkswagen revelou que suas marcas de carros de passeio e sua unidade de veículos comerciais não estão alcançando os resultados esperados. A empresa destacou que a deterioração do ambiente macroeconômico traz riscos adicionais para seu grupo de fabricação de automóveis de alto volume, que inclui marcas como Skoda e Seat. 

Além disso, a montadora agora projeta que as entregas globais cairão para cerca de 9 milhões de unidades este ano, um número abaixo das 9,24 milhões estimadas para 2023, quando anteriormente havia previsto um aumento de 3%. Esses números reforçam a necessidade da empresa de reavaliar suas estratégias para se adaptar a um mercado em transformação.

Os desafios enfrentados pelo CEO Oliver Blume se intensificam com essa nova realidade. Ele alertou que os custos de operação na Alemanha são altos, especialmente em um momento em que o crescimento no segmento de veículos elétricos está desacelerando. Para se tornar mais competitiva, a Volkswagen está considerando fechar fábricas na Alemanha pela primeira vez em sua história, além de cancelar promessas de segurança no emprego que perduraram por décadas.

Os executivos da montadora indicaram que há capacidade excedente equivalente a cerca de duas fábricas de carros, um fator que pode levar a um prolongado conflito com os poderosos sindicatos, que historicamente têm defendido os direitos dos trabalhadores na indústria automobilística.

O analista da Bloomberg Intelligence, Giacomo Reghelin, comentou sobre a situação, afirmando que os novos dados reforçam a argumentação da Volkswagen para fechar a capacidade excedente na Alemanha. Ele também previu que mais avisos de lucros podem ser esperados no futuro, à medida que as condições do mercado se deterioram.

Julia Peres

Redatora do Melhor Investimento.