Portugal vende Novo Banco ao francês BPCE
O grupo francês BPCE concluiu a compra do Novo Banco por cerca de €6,4 bilhões, encerrando um ciclo de recuperação iniciado após a crise do Banco Espírito Santo.
Portugal vende Novo Banco ao francês BPCE
O grupo bancário francês BPCE anunciou a aquisição do Novo Banco, antiga instituição que surgiu da recuperação do Banco Espírito Santo, por cerca de € 6,4 bilhões. Este negócio, fechado em 2025, representa uma das maiores operações transfronteiriças no setor bancário europeu da última década. Ele também reforça a confiança internacional no mercado português.
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Venda do Novo Banco ao grupo francês BPCE: detalhes da operação e seu impacto
O BPCE e o fundo americano Lone Star, atual controlador de 75% do Novo Banco, concluíram o acordo em um momento decisivo. Esse contexto é especialmente relevante para o sistema financeiro europeu. Avaliada em € 6,4 bilhões (aproximadamente US$ 7,4 bilhões), a transação marca o encerramento de um longo processo de recuperação do Novo Banco. Esse processo teve início após a crise da dívida europeia e a intervenção do Banco de Portugal em 2014.
O Novo Banco foi criado como um “banco bom” para abrigar os ativos saudáveis do antigo Banco Espírito Santo (BES). A instituição, com mais de 140 anos de história, quase quebrou durante a crise financeira. O Banco de Portugal separou os ativos problemáticos em uma estrutura independente, garantindo a estabilidade do sistema bancário nacional.
Desde 2017, o fundo Lone Star tem sido o principal acionista, tendo investido cerca de € 1 bilhão para fortalecer a instituição. Agora, com a venda para o BPCE, o governo português também planeja vender sua participação de 25%, detida por meio de fundos públicos. Com isso, busca recuperar parte dos recursos injetados para o resgate do banco. O ministro das Finanças de Portugal destacou a importância do negócio como um sinal positivo da confiança dos investidores internacionais no país.
O Novo Banco e o BPCE: números, operações e perspectivas
Com ativos que incluem € 17 bilhões em empréstimos corporativos e € 10 bilhões em empréstimos hipotecários, o Novo Banco se destaca no mercado. Além disso, é a quarta maior instituição financeira de Portugal. A instituição atende cerca de 1,7 milhão de clientes. Desde a reestruturação, o banco passou por uma transformação significativa. Como resultado, retornou à lucratividade em 2021 e, consequentemente, se beneficiou do aumento das taxas de juros promovido pelos bancos centrais.
Por sua vez, para o grupo BPCE, que já opera diversas unidades como o Banque Populaire e a Natixis — esta última com forte presença em Portugal, incluindo um escritório no Porto com mais de 2.000 funcionários —, a aquisição reforça sua posição na Europa. Além disso, o CEO do BPCE, Nicolas Namias, garantiu que não haverá cortes de empregos em decorrência da compra.
Essa aquisição também ocorre em meio a um cenário europeu de resistência a fusões e aquisições transfronteiriças, com países como Espanha, Itália e Alemanha impondo restrições a movimentos similares em seus mercados bancários. Portanto, a compra do Novo Banco pelo BPCE representa um avanço significativo para a integração e consolidação bancária no continente.
Histórico do Banco Espírito Santo e o resgate que deu origem ao Novo Banco
O Banco Espírito Santo foi durante décadas a maior instituição financeira portuguesa em valor de mercado, mas enfrentou uma crise profunda em 2014, quando problemas em seus empréstimos ligados ao Grupo Espírito Santo vieram à tona. Naquele momento, o Banco de Portugal interveio, injetando cerca de € 5 bilhões para evitar a falência do banco.
Os depósitos e os ativos saudáveis foram transferidos para o Novo Banco, criado como uma entidade separada para preservar a estabilidade financeira do país. Desde então, o Novo Banco passou por um processo de recuperação que culmina agora com a venda ao BPCE, encerrando um ciclo de mais de uma década de desafios e transformações.
Concorrência, assessorias e visão do governo português sobre o setor bancário
Além do BPCE, o CaixaBank, maior banco da Espanha e já dono do Banco BPI em Portugal, foi um dos principais concorrentes na disputa pela compra do Novo Banco. A operação contou com assessorias importantes: o BPCE foi auxiliado pelos bancos Fenchurch, Rothschild e d’Angelin & Co., enquanto a Lone Star contou com o Deutsche Bank.
Além disso, o governo português também manifestou preocupação com a concentração do mercado bancário, especialmente em relação à presença dos bancos espanhóis no país. Nesse sentido, o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, declarou que o domínio atual de cerca de um terço do mercado por instituições espanholas não deveria aumentar, a fim de evitar riscos de concentração e dependência econômica.