Vendas no varejo dos EUA sobem em março com consumidores se preparando para novas tarifas
Em março, o varejo dos Estados Unidos registrou um crescimento de 0,6% mensal e 4,75% anual, impulsionado pela antecipação de compras dos consumidores em resposta às tarifas comerciais.

As vendas no varejo dos Estados Unidos cresceram em março, um reflexo do comportamento antecipatório dos consumidores devido às tarifas comerciais iminentes, que geraram uma onda de estocagem de produtos. Os dados, divulgados pela National Retail Federation (NRF), mostram que as vendas totais, excluindo automóveis e gasolina, subiram 0,6% no mês de março, quando comparado a fevereiro, e 4,75% em relação ao mesmo período do ano anterior. Esse aumento ocorre após dois meses consecutivos de queda no setor, destacando o impacto das incertezas econômicas e das tarifas comerciais nos hábitos de compra.
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O impacto das tarifas nas compras de março
Em meio a um cenário de incerteza econômica, muitos consumidores norte-americanos recorreram ao hábito de estocar produtos antes da implementação das tarifas comerciais, que estavam programadas para entrar em vigor em abril. A pesquisa realizada pela NRF revelou que 46% dos consumidores estavam comprando eletrodomésticos, roupas e outros itens, antecipando que esses produtos poderiam se tornar mais caros devido às novas tarifas propostas pelo governo de Donald Trump.
O aumento nas vendas de março reflete em grande parte essa ação preventiva dos consumidores. A introdução de tarifas sobre a China, Canadá e México, e as ameaças de tarifas adicionais de 10% sobre todos os parceiros comerciais dos EUA, fizeram com que os consumidores antecipassem suas compras, provocando um pico nas vendas de vários produtos.
Varejo Norte-Americano cresce, mas comcautela
Embora as vendas no varejo tenham mostrado uma recuperação em março, o crescimento foi moderado. De acordo com Matthew Shay, presidente e CEO da NRF, as vendas aumentaram apenas moderadamente, ainda que o cenário econômico se mantivesse positivo. O executivo observou que, apesar de uma base econômica forte, o sentimento do consumidor foi afetado pela incerteza gerada pelas tarifas comerciais, que minaram o otimismo no mercado.
“Ao mesmo tempo que as vendas aumentaram em março, é importante notar que os gastos ocorreram antes do anúncio de tarifas mais severas. O consumidor, temeroso do aumento nos preços de produtos, optou por antecipar suas compras, mas a situação ainda está muito fluida, o que pode impactar os próximos meses”, afirmou Shay.
O efeito das tarifas e o comportamento do consumidor
As tarifas comerciais anunciadas pelo presidente Trump em fevereiro afetaram diretamente o mercado consumidor, especialmente com a iminente introdução de uma tarifa mínima de 10% sobre todos os parceiros comerciais dos EUA. Essas tarifas, que seriam aplicadas a diversos produtos importados, poderiam afetar diretamente o preço de bens de consumo, levando os americanos a acelerar suas compras para evitar futuros aumentos de preços.
Entretanto, a situação foi temporariamente atenuada quando o governo dos EUA suspendeu as tarifas recíprocas por 90 dias. No entanto, isso não impediu que muitos consumidores já se antecipassem, comprando produtos em grande volume. A pesquisa da NRF mostrou que os itens mais estocados incluíam roupas e produtos eletrodomésticos, ambos altamente dependentes de tarifas e variações no comércio internacional.
Dados da NRF e perspectivas econômicas
A NRF, que utiliza dados reais de compras feitas com cartões de crédito e débito por meio de parcerias com a Affinity Solutions, constatou que as vendas de março tiveram um aumento expressivo, especialmente nas categorias de produtos digitais, artigos esportivos, hobby, música e livros. Essas categorias viram um crescimento robusto, refletindo uma demanda maior por itens de entretenimento e atividades domésticas.
Além disso, as vendas no varejo subiram em cinco das nove categorias analisadas mensalmente. Isso demonstra que, apesar das incertezas, o consumidor continuou a gastar de forma moderada em várias áreas, impulsionado pela necessidade de antecipação das compras e pela confiança em uma economia ainda estável, apesar das preocupações com as tarifas.