A sexta-feira 13 é tradicionalmente associada ao azar em diversas culturas, mas será que essa superstição também afeta o comportamento dos investidores no mercado financeiro? Especialistas afirmam que, embora a data não tenha impacto direto sobre os indicadores econômicos, a percepção individual sobre ela pode influenciar, sim, decisões na Bolsa de Valores.

Em um cenário onde emoções e psicologia exercem grande influência sobre os investidores, até mesmo uma crença aparentemente inofensiva pode alterar a forma como o mercado é interpretado por pessoas físicas e, em alguns casos, até por gestores.

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Como a sexta-feira 13 interfere no psicológico do investidor

A doutora em psicologia econômica Vera Rita de Mello Ferreira, autora do livro “A Cabeça do Investidor”, destaca que o impacto da sexta-feira 13 no mercado está ligado exclusivamente ao aspecto psicológico. “Investir é um processo repleto de incertezas. As pessoas acabam buscando sinais externos, mesmo que irracionais, para se sentirem mais seguras ao tomar decisões financeiras”, afirma.

Segundo a especialista, quem enxerga a data como um “mau presságio” pode agir de forma mais cautelosa ou até mesmo evitar realizar operações no pregão. Isso ocorre porque o estado emocional interfere diretamente na percepção dos riscos e oportunidades, o que pode levar a decisões impulsivas ou mal fundamentadas.

Por outro lado, há quem acredite que a sexta-feira 13 seja, na verdade, um dia de sorte. Nesses casos, o investidor pode atuar com mais confiança, o que afeta positivamente sua capacidade de raciocínio e análise. “Tudo depende do que a pessoa acredita. A mente pode trabalhar melhor quando ela está em um estado de otimismo”, reforça Vera Rita.

Superstições versus fundamentos do mercado financeiro

Apesar do apelo emocional da data, os dados históricos da Bolsa de Valores brasileira, contudo, não apontam para qualquer padrão negativo em pregões realizados em sextas-feiras 13. Além disso, um levantamento recente mostrou que, nas últimas 10 vezes em que o Ibovespa operou nessa data, houve uma divisão equilibrada entre ganhos e perdas: cinco fechamentos positivos e cinco negativos.

O desempenho mais expressivo ocorreu em 13 de fevereiro de 2009, quando o índice subiu quase 3%, contrariando totalmente qualquer associação com o “azar”. Já em 13 de abril de 2012, o mercado registrou uma queda de cerca de 1,5%. Esses números demonstram que eventos macroeconômicos, geopolíticos ou corporativos têm influência muito maior sobre os índices do que quaisquer superstições.

Para o sócio-diretor da AZ Investimentos, Ricardo Zeno, essa ideia é clara: “O mercado reflete a conjuntura econômica. As flutuações do Ibovespa ocorrem por razões reais, como decisões de política monetária, divulgações de resultados ou crises internacionais – e não por causa da data do calendário”, explica.

Dados do Ibovespa nas últimas sextas-feiras 13

Abaixo, o desempenho do Ibovespa nas últimas 10 sextas-feiras 13 mostra a falta de padrão:

DataOscilação
13/07/2012+1,70%
13/04/2012–1,51%
13/01/2012–1,29%
13/05/2011–1,20%
13/08/2010+0,45%
13/11/2009+1,36%
13/03/2009–0,35%
13/02/2009+2,90%
13/06/2008–0,17%
13/07/2007+0,05%

O que o investidor deve considerar em dias “diferentes”

A principal lição para o investidor é não permitir que crenças ou emoções ditem o rumo de suas decisões financeiras. Independentemente de ser sexta-feira 13, segunda-feira ou qualquer outro dia, o foco deve estar na análise técnica, fundamentos das empresas e indicadores econômicos relevantes.

Evitar decisões precipitadas, manter um plano de investimentos bem estruturado e avaliar o cenário macroeconômico são atitudes essenciais para navegar com mais segurança no mercado de ações. Além disso, buscar conhecimento e educação financeira pode ajudar a reduzir o impacto de fatores emocionais e irracionais.