Após reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) nesta quarta-feira (22), a taxa básica de juros (Selic) segue mantida em 13,75% e sem alterações desde o ano passado. 

Apesar de pressões do governo e de economistas para que a taxa seja reduzida, as projeções do mercado apontavam que a taxa de juros seria mantida no atual patamar.

A Selic continua no maior nível desde janeiro de 2017, quando também estava em 13,75% ao ano. Essa foi a quinta vez seguida em que o Banco Central não mexeu na taxa, que permanece nesse nível desde agosto do ano passado. Anteriormente, o Copom tinha elevado a Selic por 12 vezes consecutivas, num ciclo que começou em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis.

Em comunicado, o Copom afirmou que segue atento às oscilações do mercado e mantém o foco no processo de desinflação:

 “Considerando a incerteza ao redor de seus cenários, o Comitê segue vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação. O Comitê reforça que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas, que mostrou deterioração adicional, especialmente em prazos mais longos. O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado.” informou, via comunicado.

Influência da Selic no poder de compra

A elevação da taxa Selic ajuda a controlar a inflação. Isso acontece porque juros maiores encarecem o crédito e desestimulam a produção e o consumo. Em contrapartida, taxas mais altas dificultam a recuperação da economia. No último Relatório de Inflação, o Banco Central projetava crescimento de 1% para a economia em 2023.

 O mercado projeta crescimento menor. Segundo a última edição do boletim Focus, os analistas econômicos preveem expansão de 0,88% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos pelo país) neste ano.

A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o Banco Central segura o excesso de demanda que pressiona os preços, porque juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.

Vencedor do Nobel critica taxa de juros do Brasil

Joseph Sliglitz, vencedor do prêmio Nobel de economia em 2001 e professor da Universidade de Columbia (EUA), disse durante participação em evento no Brasil nesta segunda-feira (20) que “a taxa de juros brasileira é “chocante” e “mataria qualquer economia”.

Stiglitz fez as declarações no seminário “Estratégias de Desenvolvimento Sustentável para o Século XXI”, um evento promovido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em parceria com o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) e com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Para o economista, uma das personalidades do mercado econômico que têm se manifestado contra o aperto monetário utilizado em todo o mundo para conter a inflação, o país só tem sobrevivido a este cenário devido à atuação dos bancos públicos.

 “Parte da razão de vocês sobreviverem a essas taxas de juros é que vocês têm bancos estatais, como o BNDES, que têm feito muito com essas taxas de juros, oferecendo fundos a empresas produtivas para investimentos de longo prazo com juros menores”, afirmou Stiglitz.

Equipe MI

Equipe de redatores do portal Melhor Investimento.