Nos últimos dias, uma série de eventos internacionais e econômicos pode levar a Petrobras (PETR4) a considerar uma redução nos preços de combustíveis, potencialmente aliviando a pressão inflacionária no Brasil. A queda acentuada nos preços internacionais da gasolina e do diesel, impulsionada pela desaceleração econômica na China, menor tensão geopolítica no Oriente Médio e a valorização do real frente ao dólar, está criando um cenário propício para ajustes nos preços praticados pela estatal. Atualmente, a gasolina nas refinarias da Petrobras é vendida com um deságio de 4,4% em relação à paridade internacional, enquanto o diesel apresenta um ágio de 1,4%.

A recente combinação de fatores globais tem levado a uma significativa redução nos preços internacionais dos combustíveis. A desaceleração da economia chinesa, a diminuição das tensões no Oriente Médio e a valorização do real têm contribuído para essa mudança. Esses fatores estão criando um ambiente onde a Petrobras (PETR4) pode finalmente corrigir a defasagem nos preços dos combustíveis praticados no Brasil. Atualmente, a gasolina é vendida a R$ 3,05 por litro, enquanto o diesel é comercializado a R$ 3,68 por litro, o que representa um deságio de 4,4% para a gasolina e um ágio de 1,4% para o diesel em comparação com o preço internacional de referência.

Uma possível redução nos preços da gasolina pela Petrobras poderia ter um efeito significativo na inflação do país. A defasagem atual sugere que a empresa tem margem para reduzir os preços em até 10%. Se essa redução ocorrer, poderia baixar a inflação em até 0,3 ponto percentual, ajudando a evitar o rompimento do teto da meta inflacionária de 4,5%. Essa medida também aliviaria a pressão sobre o Comitê de Política Monetária (Copom), que enfrenta dificuldades com as recentes declarações sobre a alta da Selic.

Recentemente, o Copom, dirigido por Gabriel Galípolo, está sob pressão crescente para aumentar a Selic em resposta à inflação. Galípolo destacou que a meta de inflação é de 3% e que as bandas da meta não devem ser usadas para reduzir o esforço da política monetária. O Comitê está considerando um ciclo de alta de juros, começando com um aumento de 25 pontos-base, e pode implementar elevações adicionais de até 150 bps, dependendo dos dados econômicos futuros. A redução nos preços dos combustíveis poderia proporcionar um alívio significativo para a política monetária, tornando as medidas mais rígidas menos necessárias.

Analistas do BBA observam que a tendência de baixa nos preços do petróleo pode continuar, especialmente com a temporada de verão nos EUA chegando ao fim e a ausência do furacão Ernesto impactando o mercado. Essa tendência, combinada com a redução sazonal nos preços da gasolina, pode levar a ajustes adicionais nos preços dos combustíveis praticados pela Petrobras. A empresa pode optar por revisar suas estratégias comerciais para evitar repassar a volatilidade dos preços internacionais para os consumidores.

Atualmente, o preço da gasolina praticado pela Petrobras está na extremidade superior da faixa normalmente operada pela companhia, enquanto o diesel ultrapassa a extremidade superior da faixa em 2%. Isso sugere que a Petrobras pode considerar ajustar sua estratégia de preços para refletir as condições do mercado internacional e evitar impactos negativos nos consumidores. Se a tendência de queda nos preços internacionais persistir, isso pode levar a uma redução adicional nos preços dos combustíveis no Brasil.

Julia Peres

Redatora do Melhor Investimento.