Os mercados globais estão em compasso de espera nesta sexta-feira (23), enquanto investidores aguardam ansiosamente o discurso de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), no prestigiado simpósio de Jackson Hole. O evento, que atrai atenção mundial, será palco para possíveis diretrizes sobre a trajetória da política monetária dos Estados Unidos, especialmente no que diz respeito aos cortes de juros previstos para setembro.

Os índices futuros dos EUA, incluindo o Dow Jones, registram leve alta nesta manhã, sinalizando o otimismo cauteloso dos investidores que aguardam a fala de Powell, prevista para às 11h (horário de Brasília). O mercado está em busca de clareza sobre a magnitude e a frequência dos cortes de juros, que têm sido foco de especulação nos últimos meses. As declarações de Powell serão cruciais para calibrar as expectativas dos investidores e definir a direção do mercado nas próximas semanas.

O simpósio de Jackson Hole é conhecido por ser um fórum onde líderes de bancos centrais e economistas de todo o mundo discutem questões econômicas globais. Este ano, as atenções estão voltadas para como o Fed pretende lidar com a inflação persistente e a desaceleração econômica sem causar uma recessão mais profunda. As palavras de Powell podem trazer uma breve revisão do cenário atual e oferecer pistas sobre os próximos passos do banco central.

Na véspera do discurso de Powell, foram divulgados dados econômicos mistos nos Estados Unidos, que refletem a complexidade do momento econômico atual. Os pedidos de auxílio-desemprego caíram ligeiramente, sugerindo que o mercado de trabalho está desacelerando gradualmente, mas ainda não enfrenta uma desaceleração acentuada, mesmo com as taxas de juros elevadas. Essa estabilidade relativa no emprego contrasta com a contração na atividade industrial, que caiu no ritmo mais rápido do ano, indicando fraquezas em setores específicos da economia.

Além disso, as vendas de casas usadas subiram pela primeira vez em cinco meses, um sinal positivo em meio a um mercado imobiliário desafiador, afetado pelos custos elevados de financiamento. Esses dados econômicos, embora variados, reforçam a importância do discurso de Powell, que poderá fornecer uma orientação mais clara sobre como o Fed planeja navegar nesse cenário econômico complexo.

Enquanto os mercados americanos aguardam Powell, o iene japonês ganhou força em relação ao dólar após declarações do governador do Banco do Japão, Kazuo Ueda. Em respostas aos legisladores, Ueda indicou que o banco central japonês está considerando um aumento nas taxas de juros, contanto que a inflação e os indicadores econômicos continuem alinhados com as previsões. Esta postura mais agressiva em relação à política monetária no Japão trouxe um impulso ao iene, contrastando com a trajetória incerta dos juros nos EUA.

Os traders no Japão ainda avaliam as probabilidades de um aumento nas taxas de juros em breve, com uma chance significativa de um ajuste em dezembro. Este cenário sugere que, embora o Banco do Japão ainda esteja comprometido com uma política monetária expansionista, há uma crescente disposição para começar a normalizar as taxas de juros se as condições econômicas permitirem.

Os mercados asiáticos fecharam sem uma direção definida nesta sexta-feira, refletindo a cautela dos investidores em antecipação aos comentários de Powell. Na China, o índice Shanghai SE subiu 0,20%, enquanto o Nikkei do Japão registrou um aumento de 0,40%, impulsionado pelas expectativas em torno das possíveis mudanças na política do Banco do Japão. Por outro lado, o Hang Seng em Hong Kong recuou 0,16%, e o Kospi na Coreia do Sul caiu 0,22%, mostrando a divisão entre os investidores da região.

Na Europa, os principais índices abriram em alta, com os investidores atentos às discussões em Jackson Hole. O FTSE 100 do Reino Unido avançou 0,20%, o DAX da Alemanha subiu 0,38%, e o CAC 40 da França aumentou 0,25%. O otimismo nos mercados europeus é alimentado pela expectativa de que Powell possa sinalizar uma abordagem mais cautelosa do Fed, o que poderia levar a um corte de juros antecipado, proporcionando um alívio aos mercados financeiros globais.

No mercado de commodities, os preços do petróleo operam em leve alta, com o WTI subindo 0,63% para US$ 73,47 por barril, e o Brent avançando 0,61% para US$ 77,69 por barril. Apesar dos ganhos de hoje, ambos os benchmarks estão a caminho de encerrar a semana em baixa, pressionados por preocupações com a demanda nos EUA e a possibilidade de um cessar-fogo em Gaza, o que aliviaria as tensões no Oriente Médio.

O minério de ferro na China caiu 2,24%, fechando a US$ 100,81 por tonelada na bolsa de Dalian, refletindo uma queda na demanda de curto prazo, embora as expectativas de aumento de consumo na próxima temporada de construção tenham proporcionado um ganho semanal de mais de 5%.

No mercado de criptomoedas, o Bitcoin subiu 1,59%, alcançando US$ 61.257,00, impulsionado por um sentimento de maior apetite ao risco entre os investidores.

Julia Peres

Redatora do Melhor Investimento.