O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu vetar integralmente o projeto de lei que concedia isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para móveis e eletrodomésticos da linha branca destinados a residentes de áreas atingidas por desastres naturais ou eventos climáticos extremos. A decisão, publicada no Diário Oficial da União (DOU), reflete preocupações significativas do governo quanto aos impactos financeiros e à execução da medida.

O veto presidencial foi fortemente recomendado pelos ministérios da Fazenda e do Planejamento, que apontaram várias razões para a decisão. O governo argumentou que a proposta legislativa comprometeria o interesse público ao criar uma renúncia de receita sem a devida previsão na lei orçamentária ou a instituição de medidas compensatórias. Além disso, a ausência de um prazo máximo de vigência de cinco anos para a isenção foi considerada uma falha significativa.

De acordo com o Planalto, a isenção do IPI poderia levar a um aumento não justificado nas margens de lucro dos produtores e fornecedores de móveis e eletrodomésticos. Esse aumento de margem, segundo o governo, poderia desviar o benefício que deveria ser destinado ao consumidor final das áreas afetadas pelos desastres, o que contraria o propósito original da medida.

O despacho presidencial detalha as preocupações do governo com o projeto de lei vetado. Publicado no Diário Oficial da União, o documento esclarece que a recomendação para o veto foi baseada em análises dos ministérios envolvidos, que destacaram a falta de previsões adequadas para compensação de receitas e o potencial de aumento de custos para o governo sem benefícios diretos para os afetados pelos desastres.

O projeto de lei, aprovado recentemente pelo Congresso Nacional, tinha como objetivo oferecer alívio financeiro para os residentes de áreas devastadas por desastres naturais. A proposta previa isenção do IPI para facilitar a compra de móveis e eletrodomésticos, aliviando os custos para as famílias afetadas e ajudando na recuperação das áreas atingidas.

No entanto, o governo federal expressou preocupações quanto à eficácia da medida e seus possíveis efeitos colaterais. O risco de que os benefícios tributários não chegassem efetivamente ao consumidor final e a falta de medidas claras de compensação foram pontos críticos que levaram ao veto integral do projeto.

Julia Peres

Redatora do Melhor Investimento.