O leilão da concessão da BR-381/MG, marcado para o próximo dia 29, está chamando a atenção dos investidores e analistas do mercado financeiro. O Goldman Sachs destaca que o projeto oferece um significativo potencial de criação de valor para as empresas CCR (CCRO3) e Ecorodovias (ECOR3), embora também apresente desafios substanciais no curto prazo. A análise da instituição sugere uma valorização de até 32% para a Ecorodovias e 7% para a CCR, se a concessão for bem-sucedida.

O Goldman Sachs vê um potencial de criação de valor notável para as empresas CCR e Ecorodovias com a concessão da BR-381/MG. A análise estima que a Ecorodovias poderia alcançar uma valorização de 32%, enquanto a CCR teria um potencial de 7% em termos de valor de mercado. Esta avaliação leva em conta o perfil de retorno do projeto e o apelo das taxas de retorno regulatórias, que são atraentes para os investidores em infraestrutura.

Apesar do potencial de valorização, o leilão da BR-381/MG apresenta desafios significativos no curto prazo. O contrato de concessão envolve um investimento total estimado em 5,5 bilhões de reais, com 75% desse valor sendo necessário nos primeiros sete anos. Este alto capex inicial pode levar a um fluxo de caixa livre (FCF) negativo nos primeiros anos, o que representa um risco considerável para os potenciais licitantes.

Os analistas do Goldman Sachs apontam que esse perfil de capex pode impactar negativamente a viabilidade financeira de curto prazo do projeto. A necessidade de grandes investimentos iniciais pode desincentivar investidores menos dispostos a assumir riscos elevados. 

A concessão da BR-381/MG abrange um trecho rodoviário de 303,4 km entre Belo Horizonte e Governador Valadares. O contrato exige a duplicação de mais de 106 quilômetros de estrada e a adição de quase 83 quilômetros de faixas adicionais. O governo brasileiro revisou o projeto para reduzir os riscos e melhorar a taxa interna de retorno (TIR), tornando-o mais atrativo para os investidores após duas tentativas anteriores de leilão que não conseguiram atrair propostas.

A revisão do projeto é uma tentativa de aumentar a competitividade e garantir que o leilão atraia investidores interessados. O governo espera que essas mudanças melhorem o perfil de risco e retorno do projeto.

O projeto da BR-381/MG passou por duas tentativas de leilão em 2022 e 2023, ambas sem sucesso na atração de investidores. A ausência de propostas pode ser atribuída a fatores como o alto custo de capex e a complexidade do projeto. A revisão atual busca superar essas dificuldades e tornar o ativo mais atraente para possíveis concorrentes.

O histórico de tentativas frustradas destaca a importância das mudanças recentes no projeto. As tentativas anteriores e a necessidade de ajustes são reflexos das dificuldades enfrentadas para garantir a concessão.

Os analistas do Goldman Sachs também observam que a competição no leilão pode reduzir os retornos esperados. Além disso, o alto capex inicial pode justificar um custo de capital maior, o que pode afetar a estimativa de valor presente líquido (VPL) do projeto. Essas variáveis são críticas para determinar a viabilidade econômica da concessão.

A competição entre investidores e o elevado custo inicial podem impactar a atratividade do projeto. É essencial considerar esses fatores ao avaliar o potencial de investimento na BR-381/MG. 

O relatório do Goldman Sachs também destaca a sensibilidade da taxa interna de retorno (TIR) do projeto. Cada redução de 1 ponto percentual nas tarifas oferecidas reduz a TIR real em aproximadamente 0,2 ponto percentual. Da mesma forma, um aumento de 1% no capex total do projeto resulta em uma diminuição de cerca de 0,2 ponto na TIR.

Julia Peres

Redatora do Melhor Investimento.