Itaú revisou projeção de inflação, mas mantém Selic a 15,25% para este ano
O Itaú ajustou sua previsão de inflação para 2023 de 5,7% para 5,5%, com viés de baixa, devido à queda nos preços de commodities e cortes nos combustíveis.

O Itaú revisou para baixo sua previsão de inflação para este ano, ajustando sua estimativa de 5,7% para 5,5%. Essa alteração foi motivada principalmente pelos cortes no preço da gasolina nas refinarias e a queda nos preços de commodities metálicas, que afetam diretamente os custos industriais. No entanto, o banco manteve a previsão da taxa Selic em 15,25% para o final de 2023, demonstrando cautela em relação à incerteza global, especialmente no cenário da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China.
Projeção de inflação em 2023 e viés de baixa
O Itaú ajustou sua projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 5,7% para 5,5% neste ano, considerando uma revisão nos custos das commodities e o impacto das medidas internas, como a redução dos preços da gasolina. O banco destaca que, apesar dessa correção para baixo, o viés de inflação ainda é negativo devido aos riscos de novos recuos nos preços do petróleo e das commodities metálicas, especialmente se a desaceleração global se intensificar.
Os riscos de alta para a inflação estão principalmente concentrados nos preços das commodities agrícolas no mercado interno, impulsionados pelo aumento das exportações do Brasil, consequência das tensões comerciais internacionais. O cenário de incertezas no comércio global, especialmente entre as grandes economias, tem gerado pressões sobre os preços domésticos.
A revisão para 2026 também foi feita, com o Itaú agora projetando uma inflação de 4,4%, em vez dos 4,5% previstos anteriormente. Essa redução reflete uma expectativa de maior controle inflacionário e uma inércia inflacionária mais baixa.
Projeção do PIB e perspectivas para 2025 e 2026
Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), o Itaú manteve a previsão de crescimento de 2,2% para 2025, mas com um viés de baixa. O banco considera que o cenário global e a desaceleração nas economias emergentes têm impacto direto sobre o ritmo de crescimento da economia brasileira. Além disso, a queda nos preços das commodities, embora tenha efeitos positivos para os consumidores, também afeta a performance econômica do país.
Para 2026, a projeção de crescimento foi mantida em 1,5%, mas o Itaú alerta para a existência de riscos equilibrados, que incluem o impacto da guerra comercial e uma possível desaceleração ainda mais forte nos mercados globais.
No primeiro trimestre de 2023, o Itaú registrou um crescimento do PIB de 1,6% em comparação com os três meses anteriores, refletindo uma performance mais robusta, especialmente no setor agropecuário, que continua a ser um motor importante da economia brasileira. Apesar disso, o banco destaca que a segunda metade do ano deve apresentar uma desaceleração mais evidente, influenciada pela continuidade das tensões comerciais.
Câmbio e Selic
O Itaú também manteve a previsão para o câmbio de R$ 5,75 para o dólar até 2026, mantendo a incerteza sobre o futuro das tarifas comerciais, a dinâmica do comércio internacional e o impacto nas economias globais. Para o banco, a taxa de câmbio permanecerá volátil, com variações dependentes da evolução da guerra comercial e de outros fatores globais, como os preços das commodities e a política monetária dos Estados Unidos.
Em relação à taxa Selic, o banco manteve sua projeção de 15,25% para o final de 2023, após a expectativa de mais dois aumentos de 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões do Banco Central. No entanto, o Itaú ressaltou que a implementação da segunda alta de juros será influenciada pela evolução do cenário internacional e seus efeitos sobre o mercado de câmbio e os preços das commodities. A Selic deve permanecer elevada devido às incertezas internas e externas, mas com um ritmo de ajuste mais gradual.
Impactos da guerra comercial e o canal direto e indireto para o Brasil
O Itaú também destacou os impactos diretos e indiretos da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China sobre a economia brasileira. O impacto direto tende a ser limitado, dado o reduzido grau de abertura comercial do Brasil. No entanto, o canal indireto, por meio da desaceleração global e da queda nos preços das commodities, pode afetar o Brasil de forma mais significativa, especialmente no que diz respeito ao fluxo de capitais e ao cenário de aversão ao risco nos mercados financeiros.
O banco pondera que, embora haja um alívio nas tensões comerciais com negociações de tarifas, os riscos de escalada da guerra comercial e uma possível recessão global permanecem elevados, o que justifica a postura cautelosa nas projeções econômicas. O Itaú se mantém vigilante quanto a essas incertezas, ajustando suas estimativas conforme as mudanças no cenário internacional..