A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) tomou uma decisão crucial envolvendo Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras, proibindo-o de ocupar cargos de administração ou conselho em empresas de capital aberto pelos próximos 15 anos. Essa medida draconiana decorre do seu envolvimento no escândalo de corrupção amplamente conhecido como “petrolão”, que se desenrolou durante os governos Lula e Dilma.

O processo administrativo conduzido pela CVM resultou na imposição dessa sanção após Duque não ter apresentado defesa contra as acusações que pesavam sobre ele. A decisão reflete o compromisso da comissão em responsabilizar aqueles que contribuíram para práticas ilícitas que afetaram profundamente a Petrobras e sua reputação no mercado financeiro nacional e internacional.

Acusações de descumprimento e consequências para a Petrobras

Renato Duque foi diretamente acusado de violar seu dever de lealdade para com a Petrobras ao facilitar contratos para a empresa Sete Brasil, sob a condição de receber propinas. A investigação concluiu que ele não apenas favoreceu indevidamente a Sete Brasil, mas também permaneceu em silêncio, mesmo ciente dos impactos prejudiciais que suas ações poderiam ter sobre a estatal brasileira.

Essas ações resultaram em significativos prejuízos financeiros para a Petrobras, especialmente no contexto da contratação de sondas de perfuração essenciais para a exploração do petróleo na camada do pré-sal. A empresa Sete Brasil, cujos interesses estavam intimamente ligados aos da Petrobras, desempenhou um papel crucial nesse escândalo de corrupção, destacando a complexidade e a extensão do “petrolão”.

O escândalo “Petrolão” 

O “petrolão” ficou marcado como um dos maiores esquemas de corrupção da história do Brasil, envolvendo o desvio de bilhões de reais através da manipulação de contratos e pagamentos ilícitos durante os governos Lula e Dilma. A investigação revelou uma rede intricada de interesses corruptos que permearam diversos níveis da administração pública e privada, com um foco especial na área de energia e petróleo, onde a Petrobras exercia um papel central.

Recursos e próximos passos de Renato Duque

Apesar da decisão da CVM, Renato Duque ainda possui a possibilidade de recorrer ao Conselho de Recursos Sistema Financeiro Nacional (CRSFN), a última instância administrativa disponível para contestar sanções aplicadas pela comissão reguladora e pelo Banco Central. A defesa de Duque já indicou sua intenção de recorrer, levantando questões sobre irregularidades processuais e contestando as bases das condenações impostas.

Repercussões e reflexos para a Petrobras

Até o momento, a Petrobras não se pronunciou publicamente sobre a decisão da CVM envolvendo Renato Duque. Contudo, o caso reflete um marco significativo na trajetória de investigação e punição dos envolvidos no “petrolão”, sublinhando os esforços contínuos para restaurar a integridade e a transparência dentro de uma das maiores empresas estatais do Brasil. Este episódio também reforça a importância de vigilância e governança robusta no setor corporativo brasileiro, especialmente no contexto de empresas de capital aberto.

Julia Peres

Redatora do Melhor Investimento.