Demanda firme no Brasil pode adiar desaceleração da inflação, afirma economista-chefe da XP
A recente análise de Caio Megale, economista-chefe da XP, revela que a forte demanda interna e o crescimento econômico surpreendente no Brasil podem atrasar o processo de desaceleração da inflação. Segundo Megale, a inflação pode não estar diminuindo tão rapidamente quanto esperado, o que levanta preocupações sobre o impacto contínuo da demanda robusta na economia. Esta notícia explora as implicações dessas observações e como elas afetam as projeções econômicas e políticas monetárias no Brasil e no exterior.
Em uma declaração durante o Morning Call da XP, Caio Megale destacou que a economia brasileira tem mostrado um desempenho mais forte do que o antecipado, com a demanda interna robusta sendo um fator-chave. “Com uma demanda interna mais firme, a inflação demora mais a desacelerar – se é que ela está desacelerando”, comentou Megale. Ele observou que dados recentes indicam uma possível aceleração da inflação, particularmente no setor de serviços e em produtos industrializados. Esse aumento é atribuído ao aumento dos custos das empresas, exacerbado pela desvalorização do câmbio e pelos novos pacotes de impostos implementados pelo governo.
Apesar das pressões inflacionárias, a XP manteve sua projeção de crescimento do PIB para 2024 em 2,2%. No entanto, a perspectiva tem um viés de alta devido aos indicadores econômicos mais fortes do que o esperado. A atividade econômica no primeiro semestre de 2024 tem sido mais robusta do que o previsto, e a XP projeta um crescimento de 0,8% no último trimestre em relação ao primeiro.
Com a inflação pressionada, Megale acredita que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central pode optar por ajustar a taxa Selic a partir de setembro. A XP antecipa um aumento na Selic, mesmo com a tendência global de cortes de juros. “Enquanto houver projeções acima da meta e o Banco Central disposto a agir, o próximo passo provavelmente será um ajuste dos juros”, disse Megale.
No cenário internacional, Megale observa que o Federal Reserve (Fed) dos EUA está posicionado para possivelmente cortar os juros a partir de setembro. A questão principal é se o Fed começará com cortes de 0,25 pontos percentuais ou 0,5 pontos percentuais. Recentemente, os dados inflacionários dos EUA têm se aproximado da meta de 2%, mas os indicadores de consumo têm surpreendido para cima, sugerindo uma desaceleração inflacionária controlada.
Megale acredita que uma desaceleração controlada da inflação nos EUA é um sinal positivo para os mercados globais. Se o Fed e o Banco Central da Europa cortarem os juros, isso pode melhorar a liquidez nos mercados e beneficiar a economia global, incluindo a brasileira. Esse ajuste nas taxas de juros pode ter implicações significativas para os investimentos e o crescimento econômico global.